O rei Charles III foi vaiado por manifestantes antimonarquia durante viagem ao País de Gales ontem, na última parte de seu primeiro giro pelo Reino Unido após assumir o trono britânico. Os protestos contrários à continuidade da família real foram a primeira - ou pelo menos a mais visível - manifestação contra o rei desde a morte da rainha Elizabeth II, dia 8.
Protestos contra a monarquia eram esperados durante a visita de Charles III, e o primeiro-ministro galês, Mark Drakeford, já havia anunciado que manifestações políticas de oposição estariam autorizadas. Alguns ativistas também ergueram faixas e cartazes pedindo a abolição da monarquia e com dizeres como "Cidadão, não súdito" e "Democracia agora".
CRÍTICAS
As críticas dos galeses são mais simbólicas pelo fato de Charles III ter ostentado por anos o título de príncipe de Gales, um país em que viveu parte de sua juventude. O antigo título de Charles, agora passado para seu filho mais velho, William, é um fator contestado por parte da população local. "Muitas pessoas não aceitam o título de príncipe de Gales, porque acreditam que deveria pertencer a um galês", disse Maria Sarnacki, prefeita de Caernarfon.
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O título foi utilizado originalmente por príncipes nativos, mas o último, Llywelyn ap Gruffudd, foi executado, em 1282, durante a conquista de Gales pelo rei Edward I da Inglaterra. Quase 750 anos depois, a região tem autonomia política e registra um distanciamento da coroa britânica - que Charles III, menos popular que sua mãe, terá de se esforçar para superar.
Apesar das manifestações contrárias, Charles e Camilla foram saudados pela maior parte das pessoas que lotaram as ruas de Cardiff. Assim como aconteceu em vários momentos desde o início de suas viagens pela Escócia, Inglaterra e Irlanda do Norte, após se tornar rei, gritos de "Deus salve o rei" foram ouvidos na entrada dos dois compromissos de Charles - uma cerimônia religiosa em homenagem a Elizabeth II na catedral de Llandaff e uma visita oficial ao Parlamento galês, o Senedd.
VIGÍLIA
Charles III voltou ontem a Londres, onde era esperado pela princesa Anne e pelos príncipes Andrew e Edward para a vigília, principal evento do velório da rainha. Cumprindo a tradição iniciada em 1936, quando os filhos de George V velaram o corpo do pai, todos os filhos de Elizabeth II compareceram vestidos com seus uniformes militares completos e permaneceram em silêncio e com a cabeça baixa por 15 minutos.
Os súditos ingleses não diminuíram o interesse em prestar suas últimas homenagens à monarca mais longeva da história do Reino Unido. Ontem, o governo britânico teve de suspender a entrada de mais pessoas na fila do velório, que alcançou 8 quilômetros de extensão, com uma espera estimada de 14 horas para ver o caixão na sede do Parlamento.
Britânicos comuns e personalidades, como o ex-capitão da seleção inglesa de futebol David Beckham, esperaram na fila, que foi reaberta ontem à tarde. (Com agências internacionais)
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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