Lisboa — A exposição Brasília — da utopia à capital, que conta a história da construção da cidade encravada no Planalto Central, tornou-se compromisso obrigatório para os portugueses que admiram a cultura e, sobretudo, a arquitetura. Não à toa, a mostra, que vai até 30 de outubro, está abrigada no Museu dos Coches, cuja versão moderna foi construída pelo arquiteto brasileiro Paulo Mendes da Rocha, um ícone mundial, assim como Oscar Niemeyer, que projetou a capital brasileira.
Para o arquiteto João Carlos dos Santos, diretor-geral do Patrimônio Cultural de Portugal, é uma honra poder oferecer aos portugueses e aos turistas que lotam o país uma visão tão privilegiada sobre Brasília. Ele ressalta que a preservação da história é fundamental, pois se trata da identidade dos povos, além de ser um importante atrativo para o turismo, que tem forte peso na economia portuguesa. A mostra tem apoio do Correio.
O compromisso do governo de Portugal com a cultura é tão evidente, que estão programados investimentos de 150 milhões de euros (R$ 850 milhões) até 2025 para a recuperação de 49 museus no país, monumentos e palácios, incluindo três teatros nacionais. Veja trechos da conversa do Correio com João Carlos dos Santos.
Como o senhor vê essa exposição sobre Brasília em Portugal, num museu que foi projetado por um brasileiro, Paulo Mendes da Rocha?
Para nós, é um gosto e um prazer receber essa exposição, ainda mais, como se referiu, no edifício que foi projetado por Paulo Mendes da Rocha. É uma pena que ele já não esteja aqui para poder também acompanhar essa mostra. Ele já esteve aqui várias vezes como nosso convidado. A exposição se refere a um patrimônio moderno, que é Brasília, que, para nós, é muito importante. Essa é uma das vertentes de nosso trabalho em Portugal. Portanto, esse cruzamento de culturas deve ser comemorado, sobretudo no ano em que se celebra o bicentenário da independência do Brasil
É visível o grande apoio da República Portuguesa à cultura. Por que é isso ser importante?
Proteger o patrimônio cultural é importante para toda sociedade. E temos atuado em várias frentes para preservá-lo. Neste momento, temos um desafio, um projeto muito importante para nós, que veio a reboque da pandemia do novo coronavírus, que se chama Plano de Recuperação e Resiliência. Estão previstos investimentos de 150 milhões de euros (R$ 850 milhões) até 2025 na nossa área. Vamos recuperar 49 museus, monumentos e palácios afetos ao Ministério da Cultura, incluindo três teatros nacionais.
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De onde virão esses recursos?
São investimentos muito importante, financiados pela Comunidade Europeia, que dá um grande apoio neste contexto. E isso é muito importante para a população. Nós acreditamos que o nosso patrimônio contribui positivamente de uma forma transversal com tudo aquilo que é cultura para o nosso país.
E acaba sendo uma forma de promover o país mundo afora...
Com certeza. É uma forma de promoção da nossa cultura dentro do nosso país e também para fora, porque atrai o turismo, que é um componente (econômico) importante. Podemos dizer que somos um parceiro muito importante do turismo em Portugal, que tem várias coisas muito boas, assim como o Brasil. Temos o sol, um clima favorável, temos a gastronomia, que é fantástica, e temos o patrimônio cultural, que é muito antigo e extremamente valioso. As pessoas que visitam o país admiram muito o que veem.
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