A Justiça argentina iniciou nesta quarta-feira (14) o julgamento do ex-policial argentino Mario Sandoval, extraditado em 2019 da França para ser julgado pelo desaparecimento e tortura de um jovem em 1976 durante a ditadura militar.
Sandoval, um ex-inspetor da Polícia Federal de 69 anos, é acusado de sequestro, tortura e desaparecimento de Hernán Abriata. Também é suspeito de participar de centenas de outros casos ocorridos durante a ditadura militar (1976-1983).
O acusado residia na França desde 1985 e em 2012 foi solicitada a extradição pela Justiça argentina no âmbito de um caso que investiga cerca de 800 desaparecimentos na Escola de Mecânica da Marinha (ESMA), o maior centro de detenção clandestina durante a ditadura e por onde passaram cerca de 5.000 presos políticos.
"É uma busca muito longa de 46 anos por justiça. A família identificou os responsáveis pelo sequestro. Esperamos uma condenação", disse à AFP Sol Hourcade, advogada da família. Ela disse que espera que Sandoval receba a pena máxima de 25 anos de prisão por privação ilegal de liberdade, violência, ameaças e tortura.
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A audiência, que originalmente seria virtual, foi realizada presencialmente nos tribunais federais em Buenos Aires. O tribunal leu a acusação e a defesa de Sandoval se opôs à denúncia e pediu a anulação da acusação de tortura, o que foi rejeitado pela corte.
Sandoval, em prisão preventiva, entrou algemado e vestindo uma jaqueta preta, com uma máscara que cobria parcialmente o rosto, na sala onde apenas as partes litigantes puderam entrar.
Separados por vidros, do lado de fora da sala, familiares de Abriata, sobreviventes da ESMA e representantes de organizações de direitos humanos acompanharam da plateia.
De acordo com o caso, o ex-policial apareceu na casa da família Abriata em Buenos Aires em 30 de outubro de 1976 e prendeu Hernán, um estudante de arquitetura de 24 anos que era membro da Juventude Universitária Peronista (JUP).
Sobreviventes afirmaram que o viram no centro de detenção clandestino da ESMA. Sandoval negou as acusações, pediu a prescrição do caso, mas todos os seus pedidos foram rejeitados. O réu se refugiou na França, onde obteve a nacionalidade em 1997.
Foi consultor do ex-presidente francês Nicolás Sarkozy, trabalhou como professor no Instituto de Altos Estudos Latino-Americanos da Sorbonne e na Universidade de Marne-La Valle, até sua prisão, em sua casa nos arredores de Paris.
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