Uma equipe da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) estava a caminho da central nuclear ucraniana de Zaporizhzhia, enquanto as tropas de Kiev iniciavam uma contraofensiva no sul do país para recuperar a cidade de Kherson. Desde que começou a guerra, há seis meses, as tropas russas controlam a região costeira de Kherson e sua capital de mesmo nome. "Hoje houve ataques potentes de artilharia contra posições inimigas (...) no conjunto do território da província ocupada de Kherson. É o anúncio do que esperávamos desde a primavera (no Hemisfério Norte: o início do fim da ocupação" desta área no sul da Ucrânia, disse na televisão Serhiy Khlan, deputado local e conselheiro do governador provincial.
O Ministério da Defesa russo informou, por sua vez, ter repelido os ataques nas regiões de Kherson e Mikolaiv e infligido "fortes perdas" às forças ucranianas. A cidade de Kherson fica 200km a sudoeste da usina nuclear de Zaporizhzhia — a maior da Europa —, que também é ocupada pelas tropas russas desde o começo de março. Ontem, o diretor-geral da AIEA, Rafael Grossi, informou no Twitter que uma missão de apoio e assistência da agência estava "a caminho" de Zaporizhzhia e que a equipe chegaria "esta semana".
O organismo de controle nuclear da ONU pede há meses para visitar o local, alertando sobre o "risco muito real de uma catástrofe nuclear". As Nações Unidas pedem a suspensão de qualquer atividade militar na região em torno do complexo. A Ucrânia temia inicialmente que a visita da AIEA legitimasse a ocupação russa do local, mas acabou finalmente por apoiar a ideia de uma missão.
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"Chantagem"
Rússia e Ucrânia se atribuem mutuamente a responsabilidade pelos ataques em torno da usina de seis reatores nucleares, situada perto da cidade de Energodar, às margens do Rio Dnipro. As tropas russas "continuaram disparando contra Enerhodar e a usina nuclear de Zaporizhzhia" no domingo, ferindo dez pessoas, entre elas quatro trabalhadores da central, informou a agência nuclear ucraniana Energoatom, que alerta para o risco de um vazamento radioativo.
O Ministério da Defesa russo acusou no domingo as tropas ucranianas de bombardearem as imediações da usina, afirmando terem derrubado um "drone de ataque ucraniano" que se aproximava de uma área de armazenamento de combustível nuclear e resíduos radioativos. O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, pediu à comunidade internacional para "pressionar" as forças ucranianas a reduzirem a tensão no entorno da usina e "pararem de pôr em risco o continente europeu bombardeando" a área da instalação.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, pediu sanções contra a agência estatal russa de energia nuclear Rosatom pela ocupação da central. "Não é normal que não haja sanções contra a Rosatom por sua chantagem radioativa na central nucelar de Zaporizhzhia", disse. "Os russos são os únicos terroristas do mundo que conseguiram transformar uma central nuclear em um campo de batalha", assegurou.