ANGOLA

Presidente de Angola promete 'diálogo' após ser reeleito

A oposição, alimentada por um desejo crescente de mudança em um país rico em recursos naturais, mas atolado em graves dificuldades econômicas, está mais forte do que nunca, com 90 cadeiras no Parlamento

O presidente de Angola, João Lourenço, reeleito para um segundo mandato após a vitória acirrada do partido do governo nas eleições deste país africano, prometeu "diálogo" nesta segunda-feira (29). "É um voto de confiança, que nos dá a imensa responsabilidade de promover o diálogo e o acordo", disse na sede do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) em Luanda, capital do país, no seu primeiro discurso após o anúncio dos resultados oficiais.

O MPLA, no poder desde a independência do país em 1975, obteve 51,17% dos votos, segundo os resultados finais anunciados nesta segunda-feira pela Comissão Nacional Eleitoral (CNE). O primeiro partido da oposição, a União Nacional para a Independência Total de Angola (Unita), somou 43,95% dos votos.

"O CNE proclama João Manuel Gonçalves Lourenço, presidente da República", disse o diretor do órgão, Manuel Pereira da Silva, em coletiva de imprensa. Em Angola não há eleições presidenciais e o líder da lista legislativa torna-se automaticamente chefe de Estado.

O MPLA, que obteve 61% dos votos nas eleições de 2017, obteve desta vez o seu resultado mais apertado. Em 2012 obteve 71,84% dos votos. O partido mantém a maioria no parlamento com 124 assentos de 220, mas perde a maioria de dois terços que lhe permitiu aprovar leis sem o apoio de outro partido.

Vários membros da CNE não assinaram os resultados finais. A oposição contestou os resultados preliminares da semana passada, que já davam ao MPLA como vencedor. A Unita, que afirma ter feito a sua própria contagem, diz que obteve mais votos. As partes têm 72 horas após o anúncio dos resultados para se dirigirem ao Tribunal Constitucional e impugná-los.

Antes das eleições, a oposição e alguns meios de comunicação públicos alertaram para o risco de fraude e observadores da União Africana e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral manifestaram a sua "preocupação" na semana passada, em particular com as listas eleitorais.

A oposição, alimentada por um desejo crescente de mudança em um país rico em recursos naturais, mas atolado em graves dificuldades econômicas, está mais forte do que nunca, com 90 cadeiras no Parlamento. O partido de Adalberto Costa Junior, 60 anos, atraiu especialmente os jovens, parcela crescente do eleitorado, com promessas de reforma, redução da pobreza e medidas anticorrupção.

A geração nascida após a guerra civil, que terminou em 2002 com um saldo de 500.000 mortos em 27 anos, já não está tão próxima do MPLA como os mais velhos. Mais de metade dos 33 milhões de angolanos vivem abaixo do limite da pobreza, segundo o Banco Mundial.

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