O procurador-geral de Justiça dos Estados Unidos, Merrick Garland, rompeu o silêncio sobre as buscas na mansão de Donald Trump, em Mar-a-Lago (Flórida), na última segunda-feira, e disse que "aprovou pessoalmente" a operação. Ele condenou os "ataques infundados" contra o FBI (polícia federal norte-americana), após esta ação sem precedentes contra um ex-presidente.
Garland, que chefia o Departamento de Justiça, não explicou o motivo da operação no resort privativo de Trump, mas enfatizou que existe um "caso provável" e que pediu a um tribunal que tornasse públicos os documentos. "Aprovei pessoalmente a decisão de pedir uma ordem de busca e apreensão neste assunto", declarou. "O Departamento (de Justiça) não toma uma decisão assim à toa", acrescentou.
As buscas realizadas pelo FBI provocaram uma tempestade política em um país bastante dividido e acontecem no momento em que Trump cogita nova candidatura à Casa Branca. Integrantes de peso do Partido Republicano ofereceram apoio ao magnata, que não estava na mansão quando ocorreu a operação. O ex-vice-presidente de Trump, Mike Pence, possível adversário em 2024, expressou sua "profunda preocupação" e avaliou que a operação parecia motivada por "partidarismo".
Garland, por sua vez, criticou os "ataques infundados ao profissionalismo dos agentes e promotores do FBI e do Departamento de Justiça", respectivamente. Desde que deixou o cargo, Trump manteve grande influência sobre o Partido Republicano e continua dizendo, sem apresentar provas, que venceu as eleições presidenciais de 2020.
O ex-presidemte também condenou a operação do FBI, ao afirmar que a mesma foi politicamente motivada e que representaria o "uso" do Departamento de Justiça "como arma". "Nada assim jamais ocorreu antes a um presidente dos Estados Unidos", declarou Trump, em nota.
Apenas dois dias depois da operação policial, Trump, de 76 anos, foi interrogado durante quatro horas no escritório da procuradora-geral do estado de Nova York, Letitia James, que investiga as práticas comerciais das Organizações Trump. A imprensa americana afirma que ele invocou o seu direito a não responder preguntas mais de 400 vezes durante o depoimento sobre supostas fraudes nos negócios imobiliários de sua família.
A procuradora-geral de Nova York suspeita que a Organização Trump superestimou o valor de propriedades imobiliárias ao solicitar empréstimos bancários, enquanto subestimava os valores desses mesmos imóveis às autoridades tributárias para pagar menos impostos. O ex-presidente tem outra frente aberta na Justiça por seus esforços para anular os resultados das eleições e pela invasão do Capitólio dos Estados Unidos, em 6 de janeiro de 2021, por seus simpatizantes.