A visita da presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, a Taiwan é vista pela China como "uma grave provocação política". Para o governo de Xi Jinping, a presença da congressista norte-americana em Taipei "viola severamente" o princípio de "Uma Só China" e estimula forças separatistas taiwaneses para que busquem a "independência". A advertência foi feita por Jin Hongjun, encarregado de negócios da Embaixada da China no Brasil. Em entrevista exclusiva ao Correio Braziliense, o diplomata chinês assegurou que qualquer contramedida tomada por Pequim em resposta à ida de Pelosi a Taiwan é "justificada e necessária". Hongjun afirmou acreditar que os 1,4 bilhão de chineses "em ambos os lados do Estreito de Taiwan são sábios e capazes o suficiente para resolver a questão de Taiwan e realizar a reunificação nacional".
De que modo a visita de Nancy Pelosi a Taiwan é uma ameaça direta à China?
Existe uma só China no mundo. Taiwan faz parte inalienável do território chinês, e o governo da República Popular da China é o único governo legítimo que representa toda a China. Isso é explicitamente reconhecido pela Resolução 2758 da Assembleia Geral das Nações Unidas. 181 países, inclusive os EUA, se comprometem a reconhecer e respeitar rigorosamente o princípio de "Uma Só China". Tal princípio é o núcleo dos interesses fundamentais da China e uma linha vermelha que jamais permitirá ser cruzada. A visita de Nancy Pelosi a Taiwan, ao escalar os intercâmbios oficiais dos EUA com Taiwan, constitui uma grave provocação política e viola severamente o princípio de "Uma Só China", infringe seriamente a nossa soberania e a integridade territorial, além de dar um sinal totalmente equivocado às forças separatistas de Taiwan para que busquem a chamada "independência". A parte chinesa não aceita isso de forma alguma.
A anexação de Taiwan está nos planos da China? Ou o seu país está satisfeito com o atual status quo de Taiwan?
Não existe a questão de "anexação de Taiwan" pela simples razão de que Taiwan é parte da China, e resolver a questão da "independência" de uma província do país para alcançar a reunificação nacional é assunto interno de um país, e não uma anexação. Foi promulgada pela legislatura chinesa a Lei Antissecessão, que regula a resolução de secessão. Entre as opções, está o emprego de força. O que quero enfatizar é que faremos o máximo para buscar uma resolução pacífica da questão de Taiwan com a firme determinação e a maior sinceridade. Acredito que os 1,4 bilhão de compatriotas chineses em ambos os lados do Estreito de Taiwan são sábios e capazes o suficiente de resolver a questão de Taiwan e realizar a reunificação nacional!
Assim como os outros países com problemas de secessão, a China tampouco está satisfeita com o status quo, porém tem plena determinação e paciência para promover a resolução da questão de Taiwan de modo gradativo.
Pelosi disse que sua visita controversa a Taiwan demonstrou o forte compromisso com a autodeterminação da ilha. Como o senhor vê isso?
Trata-se de uma mentira escancarada, que evidencia o egoísmo e a hipocrisia de alguns políticos dos EUA. Em que momento os EUA realmente se importaram com a democracia em outros países? O que temos visto é que os EUA vêm interferindo sem cessar nos assuntos internos de outros países sob o pretexto da democracia e dos direitos humanos, impondo sanções unilaterais, desencadeando "revoluções coloridas" e até mesmo instigando guerras para derrubar o governo legítimo. Tal ato tem como base a "America First" e a "American Exception". Trata-se de uma prática de política de poder e hegemonismo. Acredita-se que esses atos egoístas, cheio de arrogância e de manipulação de padrões duplos, serão firmemente rejeitados pela comunidade internacional.
A China prometeu ações militares seletivas em resposta à visita de Pelosi. Que tipos de respostas podemos esperar?
Ao executar a sua estratégia de "utilizar Taiwan para conter a China", os EUA vêm apoiando e dando facilidades às forças separatistas de Taiwan para que busquem a chamada "independência", provocando deliberadamente a China na questão de Taiwan, e se aproximando cada vez mais da linha vermelha e do limite da parte chinesa. Foi só depois das provocações conluiadas por parte dos EUA e Taiwan contra a China é que veio a legítima defesa chinesa. Diante das ações inescrupulosas dos EUA, em desrespeito às repetidas e solenes representações da China, quaisquer contramedidas chinesas são justificadas e necessárias. Trata-se de um direito devido de qualquer país soberano do mundo, sem falar a China, um grande país com uma história de mais de cinco milênios e uma população de mais de 1,4 bilhão de pessoas. As ações militares tomadas pela China mostram a seriedade com a qual tratamos do assunto, e evidenciam a nossa firme determinação e plena capacidade de combater, de forma resoluta, as forças separatistas de Taiwan. Como disse Confúcio há mais de 2.500 anos, as palavras devem ser honradas e as ações devem ser resolutas. A China já deixou claro que tomará uma série de contramedidas, e faremos o que dissemos.
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