As tropas ucranianas lançaram uma importante contraofensiva para reconquistar a cidade de Kherson e o sul da região, ocupada pelas tropas russas desde o início da invasão, no final de fevereiro.
Essa batalha será longa e difícil para a Ucrânia, uma vez que os russos tiveram vários meses para fortalecer suas posições. No entanto, uma vitória seria vista como um ponto de virada crucial na guerra.
Contraofensiva
A presidência ucraniana reportou nesta terça-feira "combates intensos" em "quase toda" a região de Kherson, onde suas tropas lançaram importantes contraofensivas em "várias direções" no dia anterior para desalojar as forças russas.
As autoridades ucranianas asseguram ter "vantagem" nessa área após a destruição em ataques específicos de todas as pontes que permitem a passagem de veículos no rio Dnieper, o que complica o abastecimento e a logística do exército russo.
Em contrapartida, a Rússia garantiu na segunda que todos os ataques ucranianos "fracassaram" na região de Kherson e na vizinha Mykolaiv, e anunciou grandes perdas para o exército ucraniano.
Não foi possível verificar essas alegações com uma fonte independente.
Uma região estratégica
Com aproximadamente dois milhões de hectares de terras aráveis, a região de Kherson é essencial para a agricultura ucraniana, sobretudo agora que o país retomou suas exportações de cereais após um acordo patrocinado pela Turquia e a ONU.
A localização também é estratégica, já que a região é limítrofe com a Crimeia, a península ucraniana anexada em 2014 pela Rússia, que a usa como base de retaguarda para sua invasão.
A cidade de Kherson, localizada na margem direita do Dnieper e que contava com 280 mil habitantes antes da guerra, foi tomada pelos russos nos primeiros dias do conflito.
Atualmente a região também pode servir como ponto de apoio para as operações russas que visam o importante porto de Odessa, mais ao oeste, embora essa perspectiva pareça remota no momento.
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Rússia reforçou suas unidades
A Rússia deslocou a maior parte de suas forças para o leste da Ucrânia, já que priorizou a tomada da bacia de Donbass, mas ainda conseguiu reforçar suas posições por quase seis meses em Kherson.
Nenhum dos lados revelou o número de tropas deslocadas na região, mas segundo o Ministério da Defesa britânico, a Rússia fez "grandes esforços" para reforçar suas unidades no local.
De acordo com o Ministério, a maioria das unidades em Kherson estão com falta de pessoas e dependem de frágeis linhas de abastecimento.
A mesma fonte ainda afirmou que a redistribuição das tropas russas do leste ao sul exigiu uma "importante reorganização" de alguns níveis do comando militar russo.
Esta nova disposição ainda não foi provada e sua capacidade de lidar com a contraofensiva ucraniana "será provavelmente um fator chave na durabilidade das defesas russas no sul", conclui o Ministério.
Resistência ucraniana
Junto aos soldados ucranianos na linha de frente da contraofensiva em Kherson, há outras forças que trabalham para capturar a região: os informantes de "Rukh Oporu" ("movimento de resistência" em ucraniano).
Apoiando o exército ucraniano nas sombras, seus "milhares" de membros, conforme o coordenador informou em uma reunião com a AFP, observam e relatam movimentos de tropas russas, rotas de abastecimento e pontos de entrega de arma, equipados com drones e outros equipamentos.
Com essas informações, a Ucrânia levou a luta para as áreas controladas pela Rússia, atingindo sua infraestrutura militar e realizando ataques direcionados, segundo fontes militares ucranianas entrevistadas pela AFP.
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