GUERRA NO LESTE EUROPEU

Turquia expressa preocupação com a situação na usina nuclear da Ucrânia

A Ucrânia garante que a Rússia armazena armas pesadas na central, a maior da Europa, e que de lá bombardeia posições ucranianas

Correio Braziliense
postado em 19/08/2022 06:00
 (crédito: AFP)
(crédito: AFP)

Num momento de grande proximidade entre Ancara e Moscou, o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, externou, ontem, um firme apoio à Ucrânia, invadida pela Rússia há quase seis meses. Recebido pelo líder ucraniano Volodymyr Zelensky, em Lviv, Erdogan expressou sua preocupação com a situação na usina nuclear de Zaporizhzhia, ocupada por tropas russas e alvo de bombardeios. No encontro, com a participação do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, os dois presidentes assinaram acordo para a futura reconstrução do país ao fim da guerra.

“Enquanto continuamos com nossos esforços para encontrar uma solução (para o conflito), nos mantemos do lado de nossos amigos ucranianos", disse Erdogan após reunião com Zelensky. O presidente ucraniano classificou a iniciativa do colega turco como uma "forte mensagem de apoio, vinda de um país tão poderoso".

Zelensky descartou qualquer acordo com o Kremlin sem a retirada prévia das tropas russas. "Pessoas que matam, estupram, bombardeiam civis todos os dias em nossas cidades com mísseis de cruzeiro não podem querer a paz", declarou ele, depois que Erdogan garantiu que a Rússia estava "pronta para algum tipo de paz". "Primeiro, (os russos) devem sair do nosso território. Depois, veremos", disse Zelensky.
Desde a invasão russa da Ucrânia, em 24 de fevereiro, Erdogan se estabeleceu como mediador. Embora condenasse a ofensiva, ele tentou permanecer neutro e se recusou a aderir às sanções impostas pelos países ocidentais contra Moscou. Há duas semanas, inclusive, o turco se reuniu em Sochi, (sul da Rússiam com o presidente russo, Vladimir Putin, com quem concordou em fortalecer a cooperação econômica entre os dois países.

Suicídio nuclear

Como Erdogan, António Guterres se declarou "profundamente preocupado" com a situação no complexo de Zaporizhzhia, no sul da Ucrânia, ocupada por tropas russas desde março e alvo de bombardeios. "Devemos dizer as coisas como são: qualquer dano potencial a Zaporizhzhia seria suicídio", alertou o secretário-geral das Nações Unidas, que voltou a defender uma saída negociada para o conflito
Zelensky pediu à ONU que garantisse "a segurança desse local estratégico" e acusou a Rússia de realizar uma política de "terror deliberado" que poderia ter "consequências catastróficas para o mundo inteiro". Moscou e Kiev vem se acusando mutuamente pelos ataques à usina nuclear.

A Ucrânia garante que a Rússia armazena armas pesadas na central, a maior da Europa, e que de lá bombardeia posições ucranianas. Também acusa as tropas russas de disparar contra setores da usina para atribuir esses bombardeios à Ucrânia. “Não queremos outra Chernobyl”, ressaltou Erdogan, referindo-se ao acidente nesta usina ucraniana em 1986, o pior da história nuclear civil.

Erdogan e Guterres foram os principais intermediários do acordo fechado em julho entre Moscou e Kiev para retomar as exportações de grãos através do Mar Negro. Cerca de 20 milhões de toneladas foram bloqueadas nos portos da região de Odessa pela presença de navios de guerra russos e minas colocadas por Kiev para defender sua costa.

Segundo a ONU, entre 1º e 15 de agosto, foi autorizada a saída de 21 graneleiros, transportando um total de 563.317 toneladas de matérias-primas agrícolas, incluindo 451.481 toneladas de milho. Na terça-feira passada, o primeiro navio humanitário fretado pela ONU, carregado com 23 mil toneladas de trigo, deixou a Ucrânia rumo à África. A ONU tentará aumentar ainda mais as exportações ao continente.

Bombardeios

No campo de batalha, os combates continuaram intensos. A Ucrânia relatou pelo menos seis mortos e 25 feridos no bombardeio russo a Kharkiv (nordeste). Na véspera, a cidade já havia sido alvo de ataques, nos quais 13 pessoas morreram, segundo as autoridades locais.

As tropas russas tentaram chegar a Kiev nas primeiras semanas da invasão, mas foram repelidas e desde então concentram sua operação principalmente no leste e sul do país, com o apoio de forças separatistas pró-russas.

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