Durante 4.444 dias, Israel e Turquia não mantiveram laços diplomáticos normais. O ataque das Forças de Defesa de Israel (IDF) a uma flotilha turca comandada pela embarcação Mavi Marmara foi a pá de cal na cooperação entre os dois países. Na ocasião, 10 civis que faziam parte da tripulação morreram, quando tentavam furar o bloqueio imposto à Faixa de Gaza. Ontem, os dois países anunciaram que retomarão as relações diplomáticas, apesar de Ancara avisar que seguirá "defendendo os direitos dos palestinos". O premiê israelense, Yair Lapid, destacou que a medida representa "um ativo significativo para a estabilidade regional" e "uma notícia econômica muito importante para os cidadãos de Israel". Segundo ele, as duas nações vão nomear o corpo diplomático e retomarão os voos diretos.
Lapid e o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, conversaram por telefone e concordaram que a normalização pode levar a muitos benefícios, principalmente nos setores do comércio e do turismo. Erdogan, por sua vez, manifestoi apoio "ao desenvolvimento da cooperação e do diálogo entre Turquia e Israel sobre uma base sustentável e de respeito às respectivas sensibilidades".
Daniel Zonshine, embaixador de Israel em Brasília, disse ao Correio que o restabelecimento das relações diplomáticas plenas de seu país com a Turquia permitirá o retorno das missões dos embaixadores e cônsules para ambos os países. "Isso também possibilitará a revisão e a implementação do completo potencial das relações entre Israel e Turquia, nos setores econômico, cultural, turístico, entre outros", comentou. Ao ser questionado sobre o incidente envolvendo o ataque ao Mavi Marmara, Zonshine disse que "devemos deixar o passado para trás e olhar para o futuro". "A cooperação entre Israel e Turquia pode tratar de assuntos de segurança e de matérias de terrorismo. Na área econômica, podemos aprimorar e aumentar o saldo entre nossos países", admitiu.
Em relação à situação no Oriente Médio, o diplomata israelense lembra que as coisas mudaram na região nos últimos 12 anos, desde a ruptura das relações bilaterais. "Os países que assinaram o Pacto Abrâmico — Israel, Emirados Árabes Unidos, EUA e Bahrein — têm se aprimorado e percebido que nem tudo deve depender da questão palestina", acrescentou Zonshine.
Embaixador da Turquia no Brasil, Murat Yavuz Ates afirmou à reportagem que seu país sempre manteve boas relações com Israel. "A Turquia foi um dos primeiros países a reconhecer o Estado de Israel. É claro que sempre defendemos os direitos dos palestinos, pois apoiamos uma solução para o conflito baseada em dois Estados, também endossada pelas Nações Unidas", comentou. "Nós acreditamos que, ao termos boas relações com Israel, podemos ajudar a encontrar uma solução entre palestinos e israelenses. Durante as políticas implementadas por Benjamin Netanyahu, no passado, enfrentamos tempos difíceis. Agora, temos uma relação melhor com o novo governo de Israel."
Murat lembrou que a embaixada turca em Tel Aviv jamais fechou as portas, nesses últimos 12 anos. "Sempre tivemos relações diplomáticas com Israel, mas sem a presença de um embaixador. Nossa chancelaria admitiu, recentemente, o desejo de indicar um embaixador. Como eu disse, defendemos os direitos dos palestinos e acreditamos que boas relações com Israel possam ajudar nesse sentido."
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