Israel advertiu neste sábado (6/8) que os bombardeios contra a organização Jihad Islâmica na Faixa de Gaza podem durar uma semana, no segundo dia da escalada mais grave de violência no território palestino desde a guerra de maio do ano passado.
O exército "se prepara atualmente para uma operação de uma semana", afirmou um porta-voz militar. "Atualmente não há negociações para um cessar-fogo", acrescentou.
Israel bombardeia o território palestino desde sexta-feira em um ataque "preventivo" por possíveis represálias pela detenção de um líder da Jihad Islâmica na Cisjordânia.
O país alega que os ataques são direcionados contra locais de fabricação de armas do grupo alinhado com o movimento Hamas - que governa Gaza desde 2007 -, mas que geralmente atua de forma independente.
Os ataques mataram na sexta-feira Tayseer al Jabari 'Abu Mahmud', um dos principais líderes da organização que está na lista de grupos terroristas dos Estados Unidos e da União Europeia.
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As autoridades de Gaza anunciaram um balanço de 15 mortos nos bombardeios, incluindo 'Abu Mahmud' e uma menina de cinco anos, e mais de 120 feridos.
Em represália, o braço armado da Jihad Islâmica lançou mais de 100 foguetes contra Israel e afirmou que era uma "resposta inicial".
O sábado foi marcado por novos bombardeios e disparos de foguetes, que até o momento não deixaram vítimas do lado israelense.
Os civis de Israel procuraram abrigos antiaéreos, enquanto as sirenes alertavam para disparos de foguetes na região de Tel Aviv no sábado à noite.
Em Gaza, a única central de energia elétrica foi obrigada a fechar por falta de combustível, devido ao bloqueio das entradas do território por parte de Israel desde terça-feira.
- Horas "difíceis" -
O ministério da Saúde afirmou que as próximas horas serão "cruciais e difíceis". E advertiu que existe o risco de suspensão dos serviços vitais em 72 horas, consequência da falta de energia elétrica.
A ofensiva israelense acontece após a detenção na segunda-feira de dois líderes da Jihad Islâmica, incluindo Basem Saadi, acusado por Israel de planejar atentados recentes.
As forças israelenses também prenderam 19 membros da Jihad Islâmica na Cisjordânia, um território ocupado por Israel desde 1967.
O líder da Jihad Islâmica em Gaza, Mohamed Al Hindi, afirmou que "a batalha apenas começou".
A ofensiva gerou temores de uma escalada. Mas Jamal al Fadi, professor de Ciências Políticas na Universidade Al Azhar de Gaza, acredita que a violência terminará "em alguns dias".
"A Jihad Islâmica está reagindo de forma limitada e com isto impede que a ocupação (israelense) intensifique os ataques aéreos", declarou à AFP.
Os próximos passos do Hamas podem ser determinantes.
Mairav Zonszein, analista do International Crisis Group, afirmou que atualmente o Hamas tem o interesse de permanecer à margem, pois recentemente obteve mais ajuda econômica para os habitantes de Gaza.
"Porém, caso mais civis morram, o grupo se sentirá obrigado a responder", disse à AFP.
- Escassez de material médico -
Mohamed Abu Salameh, diretor do Shifa, principal hospital da cidade de Gaza, afirmou que os médicos enfrentam uma "grave escassez de material".
A coordenadora humanitária da ONU para os territórios palestinos ocupados, Lynn Hastings, fez um apelo para que as partes em conflito permitam o envio de "alimentos, material médico e combustíveis" a Gaza em um cenário de grave crise.
Na manhã de sábado, Gaza parecia uma cidade fantasma, com ruas vazias e lojas fechadas.
O Egito, mediador histórico entre o Estado hebreu e os grupos armados em Gaza, informou que poderia receber uma delegação da Jihad Islâmica nas próximas horas.
A Liga Árabe criticou a "feroz agressão israelense", enquanto a União Europeia e a Rússia pediram "moderação" diante da escalada de violência.
Este é o confronto mais grave entre Israel e as organizações armadas em Gaza desde a guerra de 11 dias de maio de 2021, que deixou 260 mortos no lado palestino, incluindo combatentes, e 14 mortos em Israel, incluindo um soldado.
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