Terrorismo

Militar dos EUA viveu na casa em que Al-Zawahiri foi morto

Às 6h18 do último domingo (22h48 de sábado, 30 de julho, em Brasília), o extremista apareceu na varanda da casa e foi surpreendido por dois mísseis Hellfire disparados

Rodrigo Craveiro
postado em 07/08/2022 06:00
O esconderijo do terrorista: quatro andares, oito quartos e varanda -  (crédito: Twitter/Reprodução)
O esconderijo do terrorista: quatro andares, oito quartos e varanda - (crédito: Twitter/Reprodução)

Em 31 de julho passado, o veterano de guerra norte-americano Dan Smock, 48 anos, recebeu os relatos iniciais de que um ataque com drone tinha sido realizado em Cabul, horas antes. "Vivi na capital do Afeganistão entre 2012 e 2014. Eu trabalhava na área de desenvolvimento internacional, dando suporte ao governo dos Estados Unidos nos esforços de reconstrução", afirmou ele ao Correio. Por meio do Twitter, ele viu imagens aéreas do local atingido e percebeu que o alvo foi a mansão que lhe serviu de lar por três anos, situada à Rua Sher Ali Khan, no exclusivo distrito central de Sherpur, a poucas quadras da Embaixada dos Estados Unidos. "Eu gritei: 'Aquela é minha casa? Que p... é essa?", relatou. "Foi então que fiquei muito chocado, ao saber quem tinha sido morto ali." 

Nada menos do que Ayman Al-Zawahiri, líder da rede terrorista Al-Qaeda, lugar-tenente de Osama bin Laden e um dos mentores dos atentados de 11 de setembro de 2001. Às 6h18 do último domingo (22h48 de sábado, 30 de julho, em Brasília), o extremista apareceu na varanda da casa e foi surpreendido por dois mísseis Hellfire disparados por um drone da Agência Central de Inteligência (CIA). Teleguiado a laser, o míssil ar-terra usado teria sido o modelo R9X, desprovido de ogiva e com seis lâminas afiadas que giram rapidamente e estraçalham o alvo.

Dan Smock em foto tirada na sacada onde o extremista foi eliminado
Dan Smock em foto tirada na sacada onde o extremista foi eliminado (foto: Arquivo pessoal)

"Fiquei muito chocado ao saber que Al-Zawahiri foi executado na mesma varanda onde eu me sentava todas as manhãs para apreciar a vista. Eu costumava curtir aquela parte da casa com os amigos", disse Smock, que hoje mora no Texas. "Na condição de veterano que serviu durante a Guerra ao Terror, e pelo fato de aquele cara ter sido responsável por tudo aquilo, experimentei uma sensação estranha." Ainda segundo o antigo inquilino da casa que serviu de esconderijo para Al-Zawahiri desde o início ano, a mansão tem quatro andares e oito quartos, e fica em uma região bastante povoada, mas ao lado de um grande descampado. "Alguém tinha que saber da presença dele ali, com certeza", acrescentou.

Em entrevista ao Correio, Mohammad Suhail Shaheen — chefe do Escritório Político do Talibã em Doha (Catar) e ex-porta-voz do grupo fundamentalista islâmico que governa o Afeganistão — assegurou que a facção investiga o ataque a Al-Zawahiri e buscou se distanciar do fato. "Temos o compromisso de não permitir que ninguém, seja um indíviduo, seja um grupo, utilize o solo do Afeganistão contra qualquer outro país. É uma política e uma mensagem clara a todos", avisou. 

Para Smock, a morte de Al-Zawahiri não representa o fim da Al-Qaeda. "Não acho que isso necessariamente quebre a espinha dorsal da rede. Sempre existe alguém para ascender de posição e dirigir organizações desse tipo. De qualquer forma, a execução dele dará aos EUA a oportunidade de aliviar algumas restrições sobre fundos dos quais os afegãos precisam desesperadamente." 

  • Al-Zawahiri foi alvo de um míssil chamado de "bomba ninja", dotado de seis lâminas AFP
  • Vista a partir da casa onde Ayman Al-Zawahiri, líder da Al-Qaeda, foi morto por drone, em Cabul Dan Smock

 

 

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