INCLUSÃO NA IGREJA

Papa envia carta a padre pró-LGBT: 'Jesus era próximo de todos'

Chefe da Igreja Católica escreveu a padre James Martin que 'quando superamos as barreiras, percebemos que há mais que nos une do que nos separa'

Izabella Caixeta - Estado de Minas
postado em 05/08/2022 15:36
Papa Francisco incentivou padre pró-LGBTQIA+ a continuar pregando a inclusão, a compaixão e a ternura -  (crédito: Patrick T. Fallon/AFP)
Papa Francisco incentivou padre pró-LGBTQIA+ a continuar pregando a inclusão, a compaixão e a ternura - (crédito: Patrick T. Fallon/AFP)

Em busca de uma Igreja Católica cada vez mais inclusiva, o papa Francisco enviou uma carta ao sacerdote James Martin, padre jesuíta conhecido por defender a comunidade LGBTQIA+, incentivando-o a continuar seu trabalho. "Encorajo todos vocês a continuar trabalhando na cultura do encontro, que encurta as distâncias e nos enriquece com as diferenças, à maneira de Jesus, que se fez próximo de todos", escreveu Francisco.

A correspondência foi uma resposta ao envio de um panfleto de divulgação do evento "Outreach", conferência anual do Ministério Católico LGBTQ realizada em Fordham University, nos Estados Unidos, entre 24 e 25 de junho. Na carta com data de 20 de julho e escrita em espanhol, Francisco parabenizou o padre Martin por poder fazer o evento acontecer este ano pessoalmente, após dois anos de pausa devido à pandemia de COVID-19. O papa ainda destaca a importância dos encontros nas relações humanas.

"Na verdade, a pandemia nos fez buscar alternativas para encurtar as distâncias. Também nos ensinou que certas coisas são insubstituíveis, entre elas a possibilidade de nos olharmos ‘cara a cara’ mesmo com quem pensa diferente ou com aqueles cujas diferenças parecem nos separar ou mesmo nos confrontar", escreveu o papa. Francisco segue a carta observando que, "quando superamos as barreiras, percebemos que há mais que nos une do que nos separa".

Outras correspondências

Essa é a terceira vez que o padre Martin e o papa Francisco trocam correspondências. A primeira vez foi em julho de 2021, para divulgar o evento "Outreach 2021". Na resposta, o pontífice encorajou Martin a continuar pregando a inclusão, a compaixão e a ternura, e afirma que o sacerdote prega o estilo de Deus, sendo um sacerdote para todos: "Deus está próximo e ama cada um de seus filhos. Seu coração está aberto a todos."

Em maio de 2022, padre Martin enviou uma carta a Francisco pedindo ajuda para responder perguntas mais comuns entre católicos LGBTQIA e suas famílias. Novamente, o papa explicou que: "Deus é Pai e não repudia nenhum de seus filhos" e que "o estilo de Deus é proximidade, misericórdia e ternura".

Papa da inclusão

Francisco é o primeiro papa do continente americano e pertencente à ordem jesuíta e a ser eleito chefe da Igreja Católica. Desde o início de seu pontificado, em 2013, Francisco se mostrou aberto à inclusão da comunidade LGBTQIA. A primeira declaração foi em julho de 2013, onde declarou "Se um gay busca Deus, quem sou eu para julgar", durante um voo para Roma. O que levou a uma grande reprovação por parte dos membros mais conservadores da igreja.

Em maio de 2018, o papa disse "Deus te ama assim" a um homem gay eu havia sido vítima de pedofilia no Chile. Em janeiro deste ano, Francisco pediu aos pais que não condenem, mas apoiem seus filhos gays.

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação