Política Internacional

Rússia não descarta conversa sobre troca de prisioneiros dos EUA

Após condenação de jogadora de basquete Brittney Griner, representante dos dois países querem chegar a um possível acordo

Agence France-Presse
postado em 05/08/2022 10:23 / atualizado em 05/08/2022 10:23
 (crédito: Kirill KUDRYAVTSEV / AFP)
(crédito: Kirill KUDRYAVTSEV / AFP)

O chefe da diplomacia da Rússia, Serguei Lavrov, declarou nesta sexta-feira (5/8) que o país está disposto a discutir com o governo dos Estados Unidos sobre uma troca de prisioneiros que poderia envolver a jogadora americana de basquete Brittney Griner, condenada a nove anos de prisão por tráfico de drogas.

Griner, bicampeã olímpica, de 31 anos, está no meio de uma crise geopolítica entre Estados Unidos e Rússia em pleno conflito na Ucrânia.

O presidente americano, Joe Biden, classificou na quinta-feira de "inaceitável" a condenação de Griner. Washington acusa Moscou de politizar o caso para obter concessões.

A Casa Branca afirmou durante vários dias que apresentou uma proposta ao Kremlin para conseguir a libertação de Griner, mas a diplomacia russa reiterou que só poderia discutir um troca após o anúncio do veredicto, o que aconteceu na quinta-feira.

"Estamos dispostos a discutir o tema, mas apenas no âmbito do canal (de comunicação) que foi estabelecido pelos presidentes (Vladimir) Putin e (Joe) Biden", afirmou Lavrov em uma entrevista coletiva no Camboja.

"Há um canal especial acordado pelos presidentes e, apesar de algumas declarações públicas, segue funcionando", acrescentou.

O secretário de Estado americano, Antony Blinken, que falou na semana passada com o colega russo sobre uma possível troca de prisioneiros, informou nesta sexta-feira que Washington continuará discutindo o tema com Moscou.

Blinken também afirmou que a sentença contra Griner evidencia o "uso de detenções ilícitas por parte de Moscou para promover sua própria agenda". O secretário criticou o uso de "indivíduos como peões políticos".

"Oferta séria"

Um tribunal russo condenou na quinta-feira Brittney Griner, considerada uma das melhores jogadoras de basquete do mundo, a nove anos de prisão por tráfico de drogas

A decisão do tribunal russo provocou grande indignação, em particular no mundo do esporte.

Griner foi detida em fevereiro na capital da Rússia com um vape que continha óleo a base de cannabis.

A atleta admitiu que estava com a substância. Mas declarou que entrou na Rússia com o produto sem perceber e que a utiliza de maneira legal nos Estados Unidos como analgésico.

Griner havia desembarcado na Rússia para jogar o campeonato local antes da temporada da WNBA, algo comum entre as jogadoras americanas de basquete, que geralmente recebem salários maiores no exterior que nos Estados Unidos.

Ela é uma dos vários cidadãos americanos detidos atualmente na Rússia.

O governo dos Estados Unidos informou na semana passada que fez uma oferta "consistente" e "séria" para garantir o retorno de Griner e Paul Whelan, um americano que cumpre uma pena de 16 anos de prisão na Rússia por "espionagem".

Traficante de armas russo

De acordo com a imprensa americana, a proposta incluiria a troca de um famoso traficante de armas russo detido nos Estados Unidos, Viktor Bout, por Brittney Griner e Paul Whelan.

Bout foi detido na Tailândia em 2008 e cumpre atualmente uma sentença de 25 anos de prisão nos Estados Unidos.

Conhecido como "mercador da morte", sua trajetória inspirou o filme "O Senhor das Armas" (2005), no qual Nicolas Cage interpreta um cínico traficante de armas.

A esposa do traficante de armas, Alla Bout, declarou na quinta-feira que espera uma troca e expressou "compaixão" com as pessoas próximas de Brittney Griner. "Que Deus garanta que nossos países cheguem a um acordo", disse à agência de notícias Ria Novosti.

Os países não confirmaram e Moscou insiste no desejo de manter a confidencialidade das negociações, irritada com algumas declarações de funcionários do governo americano.

"Se os americanos decidirem novamente fazer diplomacia pública e declarações barulhenta... é uma questão e problema deles", disse Lavrov, antes de acrescentar que Washington "não consegue trabalhar de maneira tranquila e profissional" em vários temas.

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