Em meio às advertências de Pequim, o gabinete da presidente da Câmara de Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, confirmou oficialmente, ontem, o início de uma missão liderada pela parlamentar em visita a quatro países da região Ásia-Pacífico. Entretanto, não houve menções a uma possível escala do grupo em Taiwan. Na semana passada, o presidente Xi Jinping advertiu que Washington terá de assumir "todas as consequências" de uma possível passagem da democrata pela ilha autogovernada, que a China considera como parte de seu território.
Segundo as informações divulgadas ontem, a missão liderada por Pelosi, com seis integrantes, passará por Cingapura, Malásia, Coreia do Sul e Japão. "A viagem se concentrará na segurança mútua, parceria econômica e governança democrática na região do Indo-Pacífico", assinalou o comunicado.
"Nossa delegação realizará reuniões de alto nível para discutir como podemos continuar avançando em nossos interesses e valores compartilhados, incluindo paz e segurança, crescimento econômico e comércio, a pandemia de covid-19, a crise climática, direitos humanos e governança democrática", comentou Pelosi na nota.
As relações entre Washington e Pequim atravessam um novo período de tensão desde que foi levantada a possibilidade de Pelosi visitar Taiwan. A China considera Taiwan, uma ilha autogovernada de cerca de 23 milhões de habitantes, como uma de suas províncias, que ainda não foi reunificada com o restante de seu território desde o fim da guerra civil chinesa (1949).
Pressão
Pequim aumentou a pressão militar e diplomática contra Taipei desde a eleição, em 2016, da presidente Tsai Ing-wen, que vem de um partido separatista. Ao mesmo tempo, as tensões entre China e Estados Unidos também aumentaram por várias vendas de armas americanas a Taiwan e a visita à ilha de políticos americanos que chegaram a oferecer seu apoio às autoridades taiwanesas.
O governo de Xi se opõe a qualquer iniciativa que dê legitimidade internacional às autoridades taiwanesas e qualquer contato oficial entre Taiwan e outros países. Na quinta-feira passada, o presidente Joe Biden e o colega chinês tiveram uma tensa conversa telefônica. Em dado momento, Xi advertiu que os Estados Unidos não deveriam "brincar com fogo" quando se trata de Taiwan. Nessa mesma linha, o porta-voz da Força Aérea chinesa insistiu, ontem, que a defesa do território chinês é a "missão sagrada" do Exército.
Na conversa com Xi, Biden assegurou que a posição da Casa Branca sobre Taiwan não mudou e que seu país se opõe aos "esforços unilaterais para modificar o status ou ameaçar a paz e a estabilidade no Estreito de Taiwan". Na semana passada, o Exército taiwanês realizou seus maiores exercícios militares anuais, que incluíram simulações de interceptação de ataques chineses a partir do mar. Ao mesmo tempo, o porta-aviões americano USS Ronald Reagan e sua flotilha partiram de Cingapura para o Mar da China Meridional, segundo a Marinha dos EUA. Em resposta, no sábado, a China realizou um exercício militar com "munição real" no Estreito de Taiwan.
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Mortes e destruição no Kentucky
As péssimas condições climáticas comprometem os esforços das equipes de resgate em busca por vítimas e sobreviventes das graves inundações que devastaram o leste do estado americano de Kentucky. Muitas áreas da região permaneciam inacessíveis, ontem, depois que as inundações transformaram estradas em rios, destruíram pontes, varreram casas e mataram pelo menos 26 pessoas, segundo os últimos dados oficiais. "É uma das inundações mais devastadoras e mortais que já vimos em nossa história (...) E no momento em que estamos tentando cavar, está chovendo", disse o governador Andy Beshear ao programa "Meet the Press", da NBC. "Vamos encontrar corpos por semanas, muitos deles varridos centenas de metros", estimou.