A ministra da economia da Argentina, Silvina Batakis, desembarca em Washington, neste domingo, com a missão de acalmar os mercados financeiros após semanas de turbulências. A crise política que contrapôs o presidente do país, Alberto Fernández, e a vice-presidente, Cristina Kirchner, desencadeou fuga de capital estrangeiro e a disparada do dólar ante o peso argentino, em um cenário que agrava a já descontrolada escalada inflacionária.
A agenda de Batakis nos Estados Unidos incluirá encontros com representantes de organismos internacionais e de grandes multinacionais. A comitiva seria liderada por Fernández, que se reuniria com o presidente americano, Joe Biden, na Casa Branca, mas os planos foram cancelados depois que o democrata foi diagnosticado com coronavírus. Com isso, a incumbência de reestruturar a imagem de Buenos Aires no exterior recaiu sobre a recém-empossada ministra.
Amanhã, a chefe da equipe econômica se reunirá com a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, a quem deve reforçar compromisso com acordo de reestruturação de cerca de US$ 45 bilhões na dívida com a instituição. Batakis também terá diálogos com funcionários do Departamento do Tesouro dos EUA e do Banco Mundial, além de Google, Chevron, Amazon e General Motors, segundo informou o embaixador argentino nos EUA, Jorge Argüello, à agência Telám.
A viagem acontece apenas 20 dias após a posse de Batakis, aposta de Fernández para aplacar as rusgas com o kirchnerismo. O antecessor da economista, Martín Guzmán, renunciou ao cargo no início do mês depois de ter sido alvo de duras críticas da vice-presidente. Kirchner tornou pública as insatisfações com os planos de redução dos gastos públicos no âmbito do acordo com o FMI, acertado em março.
A saída de Guzmán, um dos principais líderes das reformas econômicas, repercutiu com preocupação entre investidores. O câmbio entrou em espiral de perdas e, nos mercado paralelo, o chamado dólar blue atingiu máxima histórica de 350 pesos argentinos na última semana. Para tentar acalmar os ânimos, Batakis reforçou engajamento com FMI e anunciou um pacote de medidas para conter o déficit fiscal.
No entanto, para a Eurasia, os esforços terão eficácia limitada enquanto Kirchner mantiver oposição aos ajustes fiscais. A consultoria acredita que a vice-presidente defenderá a adoção de políticas expansionistas, à medida que as pressões inflacionárias se agravam. Em junho, a inflação ao consumidor saltou à taxa anual de 64% na Argentina, o maior nível desde 1992. "Assim, é improvável que a crise em curso seja resolvida tão cedo", avalia.
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