Um júri dos Estados Unidos considerou o ex-estrategista de Donald Trump Steve Bannon culpado em duas acusações de desacato ao Congresso.
Bannon, de 68 anos, foi indiciado em 2021 por não cooperar com o comitê parlamentar que investiga a invasão ao Capitólio.
O ex-estrategista-chefe da Casa Branca é apontado como um conselheiro não oficial do ex-presidente americano no momento da insurreição, no dia 6 de janeiro de 2021.
- Steve Bannon: governo Bolsonaro precisa de 'uma só voz' e Mourão se tornou 'dissonante'
- Aliado de Trump e Bolsonaro, Steve Bannon é liberado após entregar passaporte a autoridades americanas
Ele pode pegar até dois anos de prisão e ter de pagar até US$ 200 mil (R$ 1,1 milhão) em multas.
Advogados do Departamento de Justiça argumentaram que Bannon se sentiu "acima da lei" ao ignorar uma convocação legal "obrigatória" do comitê do Congresso.
"Nosso governo só funciona se as pessoas aparecerem, só funciona se as pessoas seguirem as regras e só funciona se as pessoas forem responsabilizadas quando não o fizerem", disse a promotora Molly Gaston durante as declarações finais.
"O réu escolheu lealdade a Donald Trump em detrimento ao cumprimento da lei."
Apesar de prometer ser "medieval" contra seus inimigos, a equipe de defesa de Bannon encerrou o caso na quinta-feira (21/7) sem que ele testemunhasse e sem convocar outras testemunhas.
Os advogados alegaram que o julgamento contra Bannon foi um ato de vingança política.
Afirmaram que, em vez de ignorar as intimações, ele acreditava estar negociando sobre elas e que os prazos eram flexíveis.
Em declarações finais, o advogado Evan Corcoran disse ao tribunal que o caminho que o cliente dele, Steve Bannon, tomou "se revelou um erro", mas "não foi um crime".
O júri deliberou por cerca de três horas na sexta-feira (22/7) antes de chegar ao veredicto.
Bannon foi uma peça-chave na vitória de Trump nas eleições de 2016, atuando primeiro como chefe de campanha e depois assumindo o papel de estrategista-chefe da Casa Branca.
Ele deixou essa posição em meio às consequências políticas de um violento comício promovido pela extrema-direita em Charlottesville, na Virgínia, em agosto de 2017. Mas ainda é considerado um dos principais aliados de Trump.
O comitê da Câmara dos Deputados que investiga a invasão ao Capitólio emitiu uma intimação legal a Bannon em setembro de 2021.
O painel há muito tempo acredita que Bannon estava envolvido nos esforços dos apoiadores de Trump para invadir o Congresso e contestar o resultado das eleições presidenciais de novembro de 2020.
Ele está particularmente interessado na comunicação entre Bannon e Trump antes do incidente, assim como nas reuniões realizadas em um hotel próximo com outras figuras-chave.
Esse encontro seria supostamente parte de uma última tentativa de impedir a transição de poder para o presidente Joe Biden após a vitória nas eleições.
Mas Bannon proclamou sua inocência e desafiou as intimações, dizendo que transformaria isso em um "inferno" para o governo Biden.
Ele também sustentou que as conversas dele com o ex-presidente eram protegidas pelo privilégio executivo, um princípio legal que impede a divulgação das comunicações entre presidentes e seus assessores.
Um juiz, no entanto, decidiu que ele não poderia reivindicar privilégio neste caso.
- Texto originalmente publicado em https://www.bbc.com/portuguese/internacional-62273889
Sabia que a BBC está também no Telegram? Inscreva-se no canal.
Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.