O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou na quarta-feira (21/7) um pacote de US$ 2,3 bilhões (R$ 12 bilhões) para ajudar a construir a infraestrutura necessária para condições climáticas extremas e desastres naturais.
Mas Biden não chegou a declarar formalmente uma emergência climática, o que lhe daria mais poderes.
O presidente discursou no Estado americano de Massachusetts em um momento em que Europa e a América do Norte enfrentam uma onda de calor com temperaturas recordes.
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Dezenas de milhões de pessoas nos EUA, em mais de 20 Estados, estão sob alertas de calor esta semana.
"A mudança climática é literalmente uma ameaça existencial para nossa nação e para o mundo", disse o presidente no discurso de quarta-feira, que foi proferido do lado de fora de uma antiga usina a carvão na cidade de Somerset. "A saúde de nossos cidadãos e nossas comunidades está em jogo. Portanto, temos que agir."
Biden disse que o financiamento seria alocado para expandir o controle de enchentes, reforçar serviços públicos, reformar prédios e ajudar as famílias a pagar os custos de aquecimento e refrigeração.
O dinheiro vem de um orçamento da Agência Federal de Gerenciamento de Emergências. Comunidades desfavorecidas terão prioridade no uso dos recursos, informou a Casa Branca.
Estados receberão US$ 385 milhões (mais de R$ 2 bilhões) para financiar unidades de ar condicionado em residências e centros de refrigeração comunitários.
O governo também planeja fornecer suporte adicional para o desenvolvimento de energia eólica offshore no Golfo do México e aplicar novos padrões de trabalho para proteger trabalhadores de condições climáticas extremas.
Embora Biden tenha dito que tratará as condições climáticas extremas como "emergência", ele não chegou a declarar formalmente uma emergência federal.
O presidente está sob crescente pressão de colegas democratas e grupos ambientalistas para decretar emergência depois que o senador do Estado da Virgínia Ocidental Joe Manchin — um democrata conservador — disse na semana passada que não apoiaria uma legislação destinada a enfrentar as mudanças climáticas, em ataque aos planos de Biden. Manchin disse estar mais preocupado com a inflação, em alta nos EUA.
Biden disse na quarta-feira que, como o Congresso "não está agindo como deveria", ele planeja anunciar novas ações executivas nas próximas semanas.
"Nossos filhos e netos estão contando conosco", disse. "Se não mantivermos [a mudança climática] abaixo de 1,5°C, perderemos tudo. Não teremos outra chance de reverter isso."
Análise de Esme Stallard, repórter do clima da BBC News
O presidente Biden assumiu o cargo prometendo restaurar a credibilidade dos EUA na ação climática e derrubar os "retrocessos" da política ambiental de seu antecessor, Donald Trump.
Em seu primeiro dia, assinou uma ordem executiva para que os EUA voltassem a aderir aos Acordos Climáticos de Paris. Em abril do ano passado, prometeu reduzir as emissões de gases de efeito estufa dos EUA em pelo menos 50% até 2030.
Mas o caminho para transformar essas promessas em realidade tem sido difícil para Biden. Essa última rodada de ordens executivas demonstra os problemas que ele enfrenta para fazer a política climática seguir caminhos normais.
Antes da conferência climática de Glasgow, na Escócia, Biden prometeu que os EUA forneceriam US$ 11,4 bilhões por ano em financiamento climático até 2024 — para ajudar os países em desenvolvimento a enfrentar e se preparar para as mudanças climáticas. Mas, em março, obteve apenas US$ 1 bilhão do Congresso americano — apenas um terço a mais do que os gastos da era Trump.
As ordens executivas de quarta-feira demonstram que Biden está determinado. Mas talvez também esteja cauteloso em ir longe demais no uso desse tipo de poderes presidenciais.
No mês passado, a Agência de Proteção Ambiental perdeu parte de seu poder de reduzir as emissões de gases de efeito estufa em uma decisão histórica da Suprema Corte dos EUA — após um processo de 19 Estados produtores de carvão preocupados com a perda de empregos.
O tempo dirá quanto Biden conseguirá realizar em sua presidência.
- Texto originalmente publicado em https://www.bbc.com/portuguese/internacional-62249618
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