Tel Aviv, Israel- O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, desembarcou nesta quarta-feira (13/7) em Israel, a primeira etapa de uma viagem ao Oriente Médio, onde precisará demonstrar suas habilidades diplomáticas no conflito israelense-palestino, nas tensões com o Irã e nas negociações por petróleo com a Arábia Saudita.
O avião presidencial americano, o Air Force One, pousou no meio da tarde no aeroporto Ben Gurion de Tel Aviv, onde era aguardado pelo presidente israelense Isaac Herzog e pelo primeiro-ministro Yair Lapid.
Depois de Israel, o presidente americano de 79 anos visitará a Arábia Saudita na sexta-feira. O avião presidencial fará um voo direto sem precedentes entre o Estado hebreu e o conservador reino do Golfo, que não reconhece Israel.
Antes, Biden se reunirá com autoridades israelenses para reforçar a cooperação contra o Irã. Também terá um encontro com líderes palestinos, frustrados porque consideram que Washington não impede a agressão israelense.
Irã e Israel eram aliados quando Biden visitou a região pela primeira vez, em 1973, quando era senador, mas agora o Estado hebreu considera Teerã sua principal ameaça.
O primeiro-ministro Yair Lapid, que assumiu o poder há duas semanas, afirmou que Israel e Estados Unidos devem restaurar uma "coalizão mundial forte" contra o programa nuclear do Irã.
"Vamos discutir a necessidade de restaurar uma coalizão mundial forte que pare o programa nuclear iraniano", disse Lapid ao receber Biden no aeroporto.
Ao mesmo tempo, Biden afirmou que o governo dos Estados Unidos "continuará a promover" a integração de Israel no Oriente Médio.
Durante a visita, os militares israelenses mostrarão a Biden seu novo sistema Iron Beam, um laser antidrone que é considerado crucial para contra-atacar os drones do Irã.
Israel insiste que fará o que for necessário para conter as ambições nucleares do Irã e é contrário ao retorno do acordo nuclear de 2015, que aliviou as sanções contra Teerã.
O presidente iraniano, Ebrahim Raisi, respondeu que a viagem de Biden não levará segurança a Israel. "Se as visitas de funcionários do governo americano a países da região visam fortalecer a posição do regime sionista e normalizar suas relações com alguns países, seus esforços não trarão segurança" a Israel, afirmou em um comunicado.
- 16.000 policiais -
Israel se encontra em paralisa política antes das eleições de 1º de novembro, que serão as quintas em menos de quatro anos.
Além dos integrantes do governo, Biden se reunirá na quinta-feira com o líder da oposição, Benjamin Netanyahu.
A polícia mobilizou 16.000 agentes durante a visita de Biden e muitas avenidas permanecerão fechadas.
Na rua King David de Jerusalém, onde Biden ficará hospedado, bandeiras dos Estados Unidos foram espalhadas para celebrar a primeira visita de um presidente americano desde a viagem do republicano Donald Trump em 2017.
Desde que chegou ao poder, Biden não reverteu a polêmica decisão de seu antecessor de reconhecer esta cidade como a capital de Israel.
Os palestinos consideram Jerusalém Oriental, anexada por Israel, sua capital e, antes da visita, acusaram Biden de não cumprir a promessa de tornar o governo dos Estados Unidos novamente um mediador imparcial no conflito.
"Escutamos apenas palavras vazias e nada de resultados", reclamou Jibril Rajoub, líder do movimento secular Fatah, do presidente palestino Mahmud Abbas.
O conselheiro de Segurança Nacional do governo americano, Jake Sullivan, disse que Washington restaurou "laços diplomáticos quase rompidos" com os palestinos. Também citou o apoio financeiro recuperado e o respaldo "inequívoco" para uma solução de "dois Estados", israelense e palestino.
Biden se reunirá na sexta-feira com Abbas na cidade de Belém, na Cisjordânia ocupada, mas nenhum grande anúncio é esperado para a retomada do processo de paz.
- Normalização -
Os vínculos de Washington com os palestinos passam por um momento de tensão desde a morte, em maio, da jornalista da Al Jazeera Shireen Abu Akleh, que também tinha cidadania americana, durante uma incursão do exército israelense na Cisjordânia ocupada.
A ONU determinou que a repórter palestino-americana foi morta por tiros israelenses, mas Washington afirmou que não há evidência de que aconteceu de maneira intencional.
O governo Biden convidou a família da jornalista a visitar Washington "para uma reunião e um contato direto" com o secretário de Estado Antony Blinken, afirmou Jake Sullivan nesta quarta-feira.
O governo americano "está muito envolvido em determinar exatamente o que aconteceu a respeito das trágicas circunstâncias de sua morte", disse.
A família da jornalista, que se declarou "indignada" com a resposta do governo dos Estados Unidos, pediu para um encontro com Biden durante sua viagem a Israel.
A viagem de Biden à Arábia Saudita é considerada parte do esforço para estabilizar os mercados de petróleo, afetados pela guerra na Ucrânia, com a aproximação de um país que por décadas foi aliado estratégico dos Estados Unidos e grande fornecedor de petróleo.
Israel espera que a visita represente o início de suas relações diplomáticas com Riad.
Com a ajuda americana, Israel ampliou seu alcance regional em 2020 ao formalizar relações com os Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Marrocos, após os acordos de paz de 1994 com a Jordânia e de 1979 com o Egito.
Embora a Arábia Saudita não deva reconhecer Israel no futuro imediato, um alto funcionário israelense disse na terça-feira que a visita de Biden é um passo importante.
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