Será um decreto suficiente para sufocar as críticas? Diante de vozes que consideram que sua resposta para proteger o acesso ao aborto nos Estados Unidos deixa a desejar, Joe Biden toma a iniciativa lançando medidas nesta sexta-feira (8), embora o alcance seja limitado.
Segundo um comunicado da Casa Branca, o presidente assinará uma ordem executiva que incluirá uma série de medidas em resposta à recente decisão da Suprema Corte de revogar o direito ao aborto, em vigor nos Estados Unidos desde 1973, deixando nas mãos do estados cedem sobre o assunto.
Sete estados conservadores já proibiram o acesso a interrupção voluntária da gravidez (IVG) e é provável que muitos outros sigam seus passos.
Para muitos democratas, que nos últimos dias tem expressado sua opinião, a maioria das vezes sob condição de anonimato, Biden e seus assessores não estão à altura desta virada histórica da mais alta corte, que se tornou muito conservadora.
Desconcertado
No dia em que a Suprema Corte tornou pública a decisão, depois de um rascunho vazar para a imprensa, o governo americano parecia desnorteado.
O primeiro comunicado do presidente chegou tarde, sendo divulgado inclusive depois da reação de vários chefes de Estados estrangeiros.
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Enquanto centenas de jornalistas e advogados aguardavam o site da mais alta corte americana, a assessora de imprensa deste dossiê na Casa Branca havia ido, segundo a CNN, tomar um café.
Joe Biden deu um breve discurso, com palavras contundentes, para denunciar um "erro histórico" da corte.
Revelou as primeiras iniciativas sobre o acesso a pílulas abortivas e o direito das mulheres de viajar para outros estados caso desejem abortar.
Mas foi impossivel saber mais. E sua porta-voz, Karine Jean-Pierre, cancelou, sem explicação, a coletiva de imprensa diária.
A partida de Biden para uma viagem pela Europa deixou insatisfeitas ativistas e autoridades que esperavam por decisões dramáticas ou, pelo menos, uma resposta agressiva.
Vigilância digital
O democrata de 79 anos tentará dar essa resposta nesta sexta, quando deverá fazer um discurso para detalhar o decreto que busca, entre outras coisas, "proteger informações confidenciais de saúde" e "combater a vigilância digital".
Muitos ativistas alertam para o perigo dos dados online, de geolocalização até aplicativos para monitorar ciclos menstruais, que podem ser usados para processar mulheres que abortarem.
O texto também planeja proteger clínicas móveis que realizam abortos fora dos estados que o proibiram.
A Casa Branca também quer garantir o acesso aos métodos contraceptivos, principalmente à pílula do dia seguinte e ao dispositivo intrauterino (DIU).
O governo americano se propõe também a organizar uma rede de advogados voluntários para auxiliar as mulheres na frente legal.
Mas esses anúncios tem um alcance limitado. O presidente americano tem pouca margem de manobra contra a Suprema Corte e estados hostis quando lhe falta uma maioria parlamentar sólida.
Joe Biden, portanto, pede a seus compatriotas que votem massivamente nos democratas nas eleições legislativas de meio de mandato em novembro.
Seu objetivo: conseguir um amplo controle do Congresso para aprovar uma lei federal sobre o direito ao aborto, que anularia as decisões dos estados.
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