Monte Arafat, Arábia Saudita- Milhares de muçulmanos oraram, nesta sexta-feira (8/7), no Monte Arafat, na Arábia Saudita, marcando o momento mais importante do hajj, que reúne, sob um calor escaldante, o maior número de fiéis desde o início da pandemia da covid-19.
Em ônibus ou a pé, aos cânticos de "Alá, estou aqui", os fiéis convergiram do vale de Mina para o Jabal al-Rahma (monte da Misericórdia), onde o profeta Maomé pronunciou, segundo a tradição, sua oração de adeus aos muçulmanos no fim de sua vida.
Depois, milhares entre eles se reuniram na mesquita Namirah, nas proximidades, para as orações do meio-dia.
"Em 2020, pensei que nunca faria o hajj. Parecia o fim do mundo. Mas estou aqui hoje. Alá é grande", disse Bassam Mohammed, um peregrino egípcio.
Durante os dois anos da pandemia, as autoridades sauditas autorizaram apenas alguns milhares de habitantes do reino a fazer a peregrinação, um número bastante inferior aos 2,5 milhões de muçulmanos procedentes de todo mundo em 2019.
Este ano, um milhão de fiéis, incluindo 850.000 estrangeiros sorteados, foram acolhidos em Meca e Medina, os lugares mais sagrados do Islã, sob a condição de estarem vacinados e de apresentarem um teste PCR negativo.
- Máscara e álcool -
A peregrinação ocorre no momento em que os casos de contágio por covid-19 disparam ao redor do mundo. E a reunião de um milhão de pessoas não é isenta de riscos.
As autoridades sauditas anunciaram o abandono da obrigatoriedade de máscara na maioria dos espaços fechados, mas impuseram seu uso na Grande Mesquita de Meca. Isso significa que um grande número de peregrinos não está usando a máscara durante os rituais.
Em Mina, onde os fiéis passam a noite em barracas com ar-condicionado, distribuem-se máscaras e álcool em gel.
De acordo com o Ministério saudita da Saúde, nenhum caso de coronavírus foi detectado entre os peregrinos.
"Nenhum caso de contágio (...) foi reportado", disse, sem especificar se testes estão sendo realizados regularmente.
Um dos maiores encontros religiosos anuais do mundo, o hajj é um dos cinco pilares do Islã e deve ser realizado pelo menos uma vez na vida por todos os muçulmanos que tenham condições de fazê-lo.
"Estou tão feliz por estar aqui. É o maior hajj desde a covid-19", comemorou Saad Farhat Khalil, um peregrino egípcio de 49 anos.
- Apedrejamento de Satã -
Outro desafio durante a peregrinação: o calor opressivo com temperaturas que se aproximam de 44ºC.
Com chapéus proibidos para os homens durante o hajj, os peregrinos tentam se proteger do sol com guarda-chuvas, tapetes de oração e até pequenos baldes cheios de água.
As mulheres, por sua vez, são obrigadas a cobrir a cabeça com lenços.
"Podemos tolerar (o calor). Estamos aqui para o hajj. Quanto mais toleramos, mais valiosa é nossa peregrinação", disse Laila, uma iraquiana de 64 anos.
Por precaução, as autoridades reservaram centenas de leitos hospitalares e instalaram "um grande número de ventiladores".
E o Centro Meteorológico Nacional envia mensagens de alerta aos peregrinos em seus celulares, pedindo que não se exponham nas horas mais quentes do dia.
Após o pôr do sol, os peregrinos viajarão para Muzdalifah, a meio caminho entre Arafat e Mina, onde dormirão sob as estrelas. No sábado (9), em Mina, cumprem o ritual de apedrejamento das estelas, as quais representam Satanás, e celebram a festa do Sacrifício, Eid al-Adha.
O ritual de apedrejamento se tornou um trágico acontecimento, em 2015, com uma debandada gigantesca que matou cerca de 2.300 pessoas.
Os peregrinos retornarão para a Grande Mesquita, em Meca, para realizar um último "tawaf", a volta ao redor da Caaba, a estrutura cúbica envolvida em um tecido preto bordado a ouro. É a ela que todos os muçulmanos se dirigem para rezar.
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