O Ocidente deve se preparar para continuar apoiando a Ucrânia na guerra durante anos, alertou o chefe da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
Jens Stoltenberg, secretário-geral do órgão, disse que os custos da guerra são altos, mas o preço de deixar Moscou alcançar seus objetivos militares é ainda maior.
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O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, também alertou para um conflito de longo prazo.
E em uma dura advertência, o recém-nomeado chefe do Exército britânico disse que o Reino Unido e seus aliados precisavam ser capazes de vencer uma guerra terrestre com a Rússia.
O general Patrick Sanders, que assumiu o cargo na semana passada, afirmou o seguinte em uma mensagem interna, à qual a BBC teve acesso:
"A invasão da Ucrânia pela Rússia põe em evidência nosso objetivo principal — proteger o Reino Unido e estar pronto para lutar e vencer guerras em terra — e reforça a exigência de deter a agressão russa com a ameaça de uso da força."
Stoltenberg e Johnson disseram ainda que o envio de mais armas tornaria mais provável a vitória da Ucrânia.
"Precisamos nos preparar para o fato de que pode levar anos. Não podemos desistir de apoiar a Ucrânia", declarou o chefe da Otan em entrevista ao jornal alemão Bild.
"Mesmo que os custos sejam altos, não apenas pelo apoio militar, mas também pelo aumento dos preços da energia e dos alimentos."
O chefe da aliança militar ocidental afirmou que fornecer armas mais modernas à Ucrânia aumentaria suas chances de libertar a região de Donbass, da qual grande parte está atualmente sob controle russo.
Nos últimos meses, as forças russas e ucranianas lutaram pelo controle do território no leste do país — com Moscou fazendo avanços lentos nas últimas semanas.
Em artigo publicado no jornal britânico Sunday Times, Boris Johnson acusou o presidente russo, Vladimir Putin, de recorrer a uma "campanha de exaustão" e "tentar destruir a Ucrânia por pura brutalidade".
"Temo que precisamos nos preparar para uma longa guerra", escreveu ele.
"O tempo é o fator vital. Tudo vai depender se a Ucrânia pode fortalecer sua capacidade de defender seu solo mais rápido do que a Rússia é capaz de renovar sua capacidade de ataque."
O primeiro-ministro, que visitou a capital da Ucrânia na sexta-feira, disse que o fornecimento de armas, equipamentos, munições e treinamento para Kiev precisa superar os esforços de Moscou para se rearmar.
Autoridades ucranianas falaram abertamente nos últimos dias sobre a necessidade de aumentar o fornecimento de armas pesadas ao país se o objetivo é derrotar as forças russas.
Na quarta-feira, o ministro da Defesa do país, Oleksiy Resnikov, se reuniu com cerca de 50 países do Grupo de Contato sobre a Defesa da Ucrânia, em Bruxelas, para pedir mais armas e munições.
Até agora, os aliados ocidentais do país ofereceram grandes suprimentos de armas, mas a Ucrânia diz que recebeu apenas uma fração do que precisa para se defender — e está pedindo armas mais pesadas.
As autoridades russas costumam criticar o apoio militar da Otan à Ucrânia e, em entrevista na semana passada à BBC, o ministro das Relações Exteriores do país, Sergei Lavrov, citou a perspectiva de a Ucrânia ingressar na aliança ocidental como uma razão para a invasão antes de tudo.
"Declaramos uma operação militar especial porque não tínhamos absolutamente nenhuma outra maneira de explicar ao Ocidente que arrastar a Ucrânia para a Otan era um ato criminoso", disse Lavrov à BBC.
A Ucrânia não é membro da Otan e, embora tenha manifestado o desejo de aderir à organização, não há um cronograma para isso.
Enquanto isso...
- A Rússia está tentando fazer de Kharkiv uma "cidade de linha de frente", segundo afirmou Vadym Denysenko, assessor do ministro do Interior da Ucrânia;
- O parlamento da Ucrânia votou por unanimidade para proibir música russa na mídia e em espaços públicos; um projeto de lei separado proíbe a importação de livros da Rússia e seu principal aliado, Belarus;
- A Alemanha disse que está planejando medidas de emergência, incluindo um possível aumento no uso de carvão, para garantir o fornecimento de energia caso a Rússia corte ou interrompa o abastecimento de gás;
- O ator de Hollywood Ben Stiller visitou a Polônia e a Ucrânia como parte de uma viagem à região no papel de embaixador do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR).
'Este texto foi originalmente publicado em https://www.bbc.com/portuguese/internacional-61863464'
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