The Guardian, BBC, El País, The New York Time, The Washington Post, entre outros. Esses são alguns dos principais veículos de comunicação do mundo, que noticiaram durante os últimos 10 dias as buscas pelo jornalista Dom Phillips e o indigenista Bruno Pereira, e, agora, repercutem os corpos encontrados na Floresta Amazônica, possivelmente da dupla.
O jornal britânico The Guardian, para o qual Dom Phillips contribuia, colocou a notícia dos corpos como destaque principal da página inicial do site. “Dom Phillips e Bruno Pereira: Polícia brasileira encontra dois corpos em busca de desaparecidos”, noticiou o jornal. O Guardian também informou sobre a confissão de um dos suspeitos de envolvimento na morte da dupla e citou as falas do superintendente da Polícia Federal na Amazônia, o delegado Eduardo Fontes, em que afirma que somente a polícia forense poderá confirmar se o homem realmente é o responsável pelo crime.
“O anúncio trouxe um triste fim a uma busca de 10 dias que horrorizou a nação e sublinhou os crescentes perigos enfrentados por aqueles que se atrevem a defender o meio ambiente e as comunidades indígenas no Brasil ”, escreveram os repórteres Andrew Downie e Tom Phillips, do The Guardian.
BBC e outros veículos britânicos
Dom Phillips, natural do Reino Unido, era um jornalista prestigiado no país. Além do The Guardian, onde trabalhava, outros veículos de comunicação ingleses deram grande destaque tanto para as buscas da dupla quanto para o possível desfecho do caso.
A BBC informou aos leitores que um “suspeito admite atirar em par desaparecido da Amazônia, diz polícia brasileira”. Ao longo do texto, a jornalista Katy Watson, correspondente do jornal britânico na América Latina, deu destaque para o fato de, na coletiva de imprensa convocada pela Polícia Federal nesta quarta-feira (15/6), as autoridades não terem citado a ajuda das comunidades indígenas durante as buscas por Dom e Bruno. Segundo o veículo, isso “pode parecer uma pequena omissão, mas revela a divisão entre os chefes no topo aqui do país [Brasil] — e as pessoas que vivem nesses lugares remotos e difíceis.”
Já o Daily Mail, jornal do Reino Unido, destacou que o suspeito pelo desaparecimento de Dom e Bruno confessou ter “matado e desmembrado” o jornalista e o indigenista. Além disso, o jornal também ressaltou, ainda no título da matéria, que a confissão do envolvido surgiu depois da embaixada brasileira ter pedido “profundas desculpas” por ter dito às famílias das vítimas que os corpos tinham sido encontrados. O Daily também afirmou que a Polícia Federal ainda investiga o homicídio.
A agência de notícias Reuters, fonte de informação para veículos de todo o mundo, também deu destaque ao fato de suspeitos terem confessado matar e desmembrar a dupla.
Estados Unidos
Os principais jornais do Estados Unidos também repercutiram a notícia dos possíveis corpos de Bruno e Dom. O The New York Times deu destaque para a confissão do suspeito de matar a dupla. “Homem confessa ter matado jornalista e ativista indígena, diz a polícia”, escreveu o jornal norte-americano.
“Dom Phillips, repórter freelancer do The Guardian, e Bruno Araújo Pereira, brasileiro especialista em povos indígenas, estavam desaparecidos na Amazônia desde 5 de junho”, informou o veículo de comunicação. O jornal caracterizou a confissão como um “avanço sombrio na busca de 10 dias pelos homens desaparecidos nas profundezas da Amazônia, que paralisou o Brasil e provocou indignação internacional”.
“Homem confessa ter matado jornalista e colega desaparecidos, diz polícia”, noticiou o The Washington Post. O jornal diário estadunidense disse que o desaparecimento de Dom e Bruno joga luz sobre a “criminalidade em andamento que está desmantelando a maior floresta tropical do mundo”. “O caso tem sido acompanhado de perto no Brasil, onde a Floresta Amazônica, que deveria ser desenvolvida ou preservada, se tornou uma das questões mais polêmicas do país. O presidente Jair Bolsonaro, que defendeu garimpeiros e desmatadores ilegais, culpou Phillips por seu desaparecimento”, relembrou o Post.
Europa, Ásia e América do Sul
O jornal espanhol El País escreveu que um pescador confessou ter matado Dom Phillips e Bruno Pereira e que um dos irmãos detidos pelo crime levou a polícia ao lugar onde "supostamente enterraram os restos”. O periódico ainda destacou que o Vale do Javari, onde Dom e Bruno desapareceram, é uma das regiões mais afastadas e bem preservadas da Amazônia, o que faz o lugar ser “cobiçado para todos os tipos de atividades ilícitas, seja caça, pesca, extração de madeira ou mineral”.
“As invasões de pescadores ou caçadores furtivos que existem há décadas. Para muitos moradores, era uma questão de sobrevivência. Mas nos últimos anos se multiplicaram com a entrada de dinheiro do narcotráfico e graças ao discurso presidencial, que deu coragem aos criminosos, que se sentem impunes. Paralelamente, os órgãos governamentais de proteção aos povos indígenas e ao meio ambiente foram enfraquecidos pelo governo com fortes cortes orçamentários e a nomeação de chefes de fora dessas áreas, muitas vezes ligados à polícia militar”, ressaltou o El País.
A notícia também repercutiu na Ásia, onde o jornal Al Jazeera, do Catar, falou sobre a prisão dos suspeitos de matarem Dom e Bruno. O noticiário árabe também informou os leitores sobre as condições remotas do Vale do Javari, dizendo que o local “é uma região de selva remota que abriga 26 povos indígenas diferentes, muitos dos quais vivem isolados. As autoridades alertaram que a região é “complexa” devido à presença de pescadores, garimpeiros e madeireiros desonestos que invadem terras indígenas protegidas para explorar seus recursos. O tráfico de drogas também aumentou na região nos últimos anos.”
Além disso, as atualizações do caso do desaparecimento do jornalista e do indigenista percorreram a América Latina. O jornal Clarín, principal veículo de comunicação da Argentina, escreveu que restos humanos foram encontrados e que suspeitos confessaram a autoria do crime. Por fim, o Clarín traçou um perfil de Dom e Bruno, em que descreve o jornalista inglês como um “apaixonado pela Amazônia” e o indigenista como um “reconhecido defensor dos direitos indígenas”.