O chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, considerou "confiáveis" nesta segunda-feira (6/6) as informações de que a Rússia "rouba" as exportações de cereais ucranianos, bloqueadas por causa do conflito, "para vendê-las em benefício próprio".
"Há informes críveis (...) de que a Rússia está roubando as exportações de cereais da Ucrânia para vendê-las em benefício próprio", disse Blinken durante coletiva de imprensa virtual sobre a insegurança alimentar.
Moscou está "monopolizando suas próprias exportações de alimentos também", o que está fazendo disparar os preços do trigo e de outros cereais no mundo, gerando o temor de uma escassez, acrescentou Blinken.
O secretário de Estado disse que a Rússia bloqueia a saída de navios de carga carregados com cereais do porto de Odessa, no mar Negro, e acusou o presidente russo, Vladimir Putin, de praticar "chantagem" ao buscar com isso a suspensão das sanções internacionais por causa da invasão da Ucrânia.
"Um bloco naval russo no mar Negro impede que a safra ucraniana seja encaminhada a seus destinos normais", disse.
"Tudo isso é deliberado".
O jornal New York Times tinha noticiado sobre a advertência que Washington fez em meados de maio a 14 países, principalmente na África, de que cargueiros russos transportavam "cereais ucranianos roubados".
Antony Blinken fez alusão a este artigo publicado no jornal americano, sem confirmar, no entanto, de forma direta o alerta emitido aos países africanos.
Na sexta-feira, o embaixador da Ucrânia em Ancara tinha acusado a Rússia de "roubar" e exportar cereais ucranianos, especialmente para a Turquia.
O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, assegurou na segunda-feira que entre 20 e 25 milhões de toneladas de cereais estavam bloqueadas por causa da guerra, um volume que poderia triplicar até o próximo outono boreal.
"Precisamos de corredores marítimos e o discutimos com a Turquia e com o Reino Unido", assim como com a ONU, afirmou.
Rússia e Ucrânia, duas superpotências produtoras de grãos, produzem 30% das exportações mundiais de trigo. A guerra que começou em 24 de fevereiro provocou uma escalada nos preços dos cereais e dos óleos derivados, superando os preços alcançados durante a "primavera árabe" em 2011 e a crise alimentar em 2008.