Turquia

Mais de 150 pessoas são presas em desfile do Orgulho LGBTQIA+ em Istambul

Mesmo antes do início da manifestação, a polícia antidistúrbios invadiu vários bares do bairro Cihangir, ao redor da Praça Taksim, prendendo "aleatoriamente" pessoas, incluindo jornalistas e ativistas LGBTQIA+

Agence France-Presse
postado em 26/06/2022 14:16 / atualizado em 26/06/2022 14:16
Um participante enfrenta policiais de choque usando uma bandeira do arco-íris durante uma marcha do Orgulho LGBT em Istambul, em 26 de junho de 2022. -  (crédito: KEMAL ASLAN / AFP)
Um participante enfrenta policiais de choque usando uma bandeira do arco-íris durante uma marcha do Orgulho LGBT em Istambul, em 26 de junho de 2022. - (crédito: KEMAL ASLAN / AFP)

A Marcha do Orgulho LGBTQIA+ deste domingo (26) em Istambul foi vista como em outros anos violentamente perturbada pela polícia, que prendeu mais de 150 pessoas, incluindo um fotógrafo da AFP, segundo ONGs.

Mesmo antes do início da manifestação, a polícia antidistúrbios invadiu vários bares do bairro Cihangir, ao redor da Praça Taksim, prendendo “aleatoriamente” pessoas, incluindo jornalistas e ativistas LGBTQIA+.

A ONG Kaos GL, que milita pela proteção das pessoas LGTBQIA+, afirmou no Twitter que mais de 150 participantes da marcha foram presos em Istambul e que oito ativistas foram presos em Izmir (oeste).

Por sua vez, a Anistia Internacional pediu no Twitter a "libertação incondicional imediata" dos detidos.

A Marcha do Orgulho LGBTQIA+ foi oficialmente proibida pelo governador da cidade, mas centenas de manifestantes com bandeiras de arco-íris começaram a se reunir nas ruas adjacentes à famosa Praça Taksim, completamente fechada ao público.

Aos gritos de "O futuro é 'queer'", "Você nunca estará sozinho" ou "Aqui estamos, somos 'queer', não iremos a lugar nenhum", os manifestantes desfilaram por pouco mais de uma hora pelas ruas do bairro Cihangir. Muitos moradores deram sinais de apoio das janelas.

Os detidos foram transferidos em dois ônibus da polícia para a principal delegacia da cidade, confirmou um cinegrafista da AFP.

"Eles tentam nos banir, impedir [nossa presença], nos discriminar e até nos matar a cada minuto de nossa existência", disse Diren, 22 anos. “Mas hoje é hora de defender nossos direitos, de gritar que existimos: vocês nunca vão conseguir parar queers”, acrescentou o jovem, usando um termo que designa qualquer forma de altersexualidade e rejeita a definição biológica de gênero.

A polícia tentou impedir a imprensa de filmar as prisões.

Bülent Kilic, um premiado fotógrafo da AFP com experiência em zonas de conflito, foi algemado nas costas, sua camisa arrancada e levado com outros detidos em uma van da polícia. Ele já havia sido preso no ano passado nas mesmas circunstâncias.

Após um desfile espetacular de mais de 100.000 pessoas em Istambul em 2014, as autoridades turcas proíbem o evento ano após ano, oficialmente por razões de segurança.

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