Américas

Grupo bipartidário dos EUA articula acordo contra violência armada

Grupo bipartidário de senadores dos EUA articula proposta que prevê maior controle na venda de armamentos para menores de 21 anos. Presidente Joe Biden pede aprovação das medidas

Correio Braziliense
postado em 13/06/2022 06:00
 (crédito:  AFP)
(crédito: AFP)

Um grupo bipartidário de senadores dos Estados Unidos anunciou que trabalha em um acordo com o objetivo de combater a violência com armas de fogo no país. O texto articulado está longe de abarcar as ideias defendidas pelo presidente Joe Biden, mas surge como uma alternativa diante das resistências impostas por alguns parlamentares em alterar as legislações federais sobre o tema.

"Hoje (ontem), anunciamos uma proposta bipartidária de senso comum para proteger as crianças americanas, manter nossas escolas seguras e reduzir a ameaça da violência em todo o país", afirma, em comunicado conjunto, o grupo composto por 20 congressistas, sendo 10 democratas e 10 republicanos. Ainda de acordo com o texto, "o plano aumenta os recursos necessários para a saúde mental, melhora a segurança escolar e o apoio aos estudantes, além de ajudar a garantir que os criminosos perigosos e os que são considerados pacientes mentais não possam comprar armas".

A versão final da proposta ainda não está pronta, mas os senadores adiantaram que ela prevê mais rigor no controle de antecedentes para os compradores de armas com menos de 21 anos e o combate ao comércio ilegal. Também encoraja os Estados a adotarem leis que permitam que a polícia ou as famílias peçam a um tribunal estadual a remoção temporária de armas de qualquer pessoa considerada perigosa para si ou para os outros.

Biden celebrou o anúncio do acordo e pediu aos congressistas que o aprovem o quanto antes. "Com o apoio bipartidário, não há desculpas para o atraso e nenhuma razão para que não passe rapidamente pelo Senado e pela Câmara (...) Quanto mais cedo chegar à minha mesa, mais cedo posso assiná-lo e mais cedo poderemos implementar essas medidas que salvam vidas", enfatizou, em comunicado.

No texto, o presidente também destacou que as medidas não são tão profundas quanto gostaria. "Obviamente, não inclui tudo o que acho necessário, mas reflete passos importantes na direção correta e seria a legislação sobre segurança de armas mais significativa a ser aprovada no Congresso em décadas", escreveu. Entre as medidas defendidas por Biden, estão a proibição das vendas públicas de fuzis, ou pelo menos o aumento da idade mínima de compra desses armamentos, e o reforço dos comprovantes de antecedentes do cliente.

Na última quarta-feira, a Câmara de Representantes, controlada pelos democratas, aprovou um amplo pacote de propostas — entre elas, o aumento da idade de compra da maioria dos fuzis semiautomáticos de 18 para 21 anos. O partido, porém, não tem os 60 votos necessários para avançar com esse pacote no Senado — seria necessário o apoio de 10 conservadores. Nessa configuração, a estratégia de firmar um acordo bipartidário parece ser a única esperança de medidas federais para enfrentar a violência armada no país.

Os líderes democrata e republicano no Senado, Chuck Schumer e Mitch McConnell, respectivamente, declararam apoio ao acordo. A presidente da Câmara, Nancy Pelosi, também. " Esse pacote tomará medidas para salvar vidas", disse, ponderando que a proposta deveria incluir a verificação de antecedentes de todos os compradores e a proibição de carregadores de alta capacidade.

Manifestações

O acordo foi anunciado em meio a uma indignação generalizada nos Estados Unidos em decorrência de dois crimes recentes com armas de fogo — em 24 de maio, um estudante de 18 anos matou 19 alunos e dois professores depois de invadir uma escola primária em Uvalde, no Texas, com um fuzil de assalto semiautomático. Alguns dias antes, um supremacista branco da mesma idade havia assassinado 10 negros em Buffalo.

Apesar das pressões de políticos e da sociedade civil, a Associação Nacional de Rifle (NRA), o principal lobby pelo direito de comprar e portar armas, continua exercendo uma influência considerável em Washington. "A mídia, os políticos de esquerda e os ativistas que odeiam armas estão intimidando os membros da NRA e os proprietários de armas porque querem que nos rendamos. Não vamos dobrar os joelhos", escreveu a associação, no sábado, em sua página no Twitter. No mesmo dia, milhares de pessoas saíram às ruas de várias cidades do país para exigir medidas mais duras contra a violência armada.

 

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