Os países importadores de alimentos pagarão mais, mas receberão menos, em 2022, devido à guerra na Ucrânia, alerta a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) em seu relatório "Perspectivas Alimentares".
A invasão russa à Ucrânia teve um impacto global ao agravar a crise alimentar em muitos países devido ao aumento dos preços de cereais e fertilizantes. “O custo global das importações de alimentos aumentará em US$ 51 bilhões em relação a 2021, dos quais US$ 49 bilhões se devem unicamente ao aumento dos preços”, assinala a FAO.
O aumento do custo geral se explica primeiramente "pela alta dos preços e custos do transporte, e não pelo aumento dos volumes", ressaltou a organização.
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Em 2022, “a produção mundial dos principais cereais diminuirá pela primeira vez em quatro anos” e seu uso mundial também “irá registrar uma queda pela primeira vez em 20 anos", segundo o órgão. A produção mundial de trigo, por exemplo, cairá para 771 milhões de toneladas, segundo a FAO.
A agência da ONU destaca um contexto tenso, com colheitas incertas devido à guerra na Ucrânia, ou mesmo secas, como a que ocorre na Índia ou na Argentina. Ressalta, porém, que o consumo humano direto de cereais não será afetado, uma vez que a queda das exportações “virá da diminuição do uso de trigo, cereais secundários e arroz na alimentação animal”.
Queda de rendimento
O relatório analisa o impacto da guerra na Ucrânia, um conflito entre duas superpotências agrícolas, que representavam 30% do comércio mundial de trigo e 78% das exportações de óleo de girassol.
Desde o início da invasão, os preços do trigo subiram 40%, destaca o texto. "Mais de 30 países, importadores líquidos de trigo, dependem desses dois países para, pelo menos, 30% de suas importações", cita a FAO.
Embora os aumentos de preços "costumem ser uma vantagem para os produtores" de insumos, levantam-se dúvidas "sobre a possibilidade de os agricultores do mundo poderem se permitir comprá-los".
A FAO está particularmente preocupada com a redução do rendimento da próxima safra se alguns agricultores decidirem reduzir o uso de fertilizantes, cujos preços triplicaram em um ano e dos quais a Rússia é um dos principais exportadores.
A guerra também desacelerou significativamente as exportações da região do Mar Negro, devido ao bloqueio dos portos ucranianos e ao aumento do custo dos seguros para os graneleiros que operam nessa área.
O líder senegalês e atual presidente da União Africana, Macky Sall, pediu nesta quinta-feira que o porto ucraniano de Odessa seja desminado, para permitir a exportação de grãos. Kiev se nega a remover as minas, por temer que Moscou aproveite a oportunidade para atacar a cidade, mas Sall afirmou que recebeu garantias do presidente russo, Vladimir Putin, de que suas forças não atacariam aquela área.
À medida que a nova safra se aproxima, haverá também a questão do armazenamento de grãos na Ucrânia, onde pode haver escassez de silos
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