VATICANO

Papa Francisco pede que não se use trigo como arma de guerra

O conflito desencadeado pela Rússia e as sanções de retaliação minaram o equilíbrio alimentar global, ameaçando muitos países da África e da Ásia com fome

Agência France-Presse
postado em 01/06/2022 09:15
 (crédito: Filippo MONTEFORTE / AFP)
(crédito: Filippo MONTEFORTE / AFP)

Cidade do Vaticano, Santa Sé- O papa Francisco fez um apelo ao mundo para que evite usar o trigo como arma de guerra diante do bloqueio das exportações desse cereal na Ucrânia, o que poderia deflagrar uma grave crise alimentar que afetaria os países mais pobres.

"Faço um apelo urgente para que se façam todos os esforços para resolver esta questão e para garantir o direito humano universal à alimentação. Por favor, que não se use o trigo, alimento básico, como arma de guerra!", clamou o papa durante a tradicional audiência das quartas-feiras na Praça de São Pedro.

"É muito preocupante o bloqueio das exportações de trigo da Ucrânia, das quais depende a vida de milhões de pessoas, especialmente dos países mais pobres", ressaltou.

O conflito desencadeado pela Rússia e as sanções de retaliação minaram o equilíbrio alimentar global, ameaçando muitos países da África e da Ásia com fome.

Devido ao bloqueio imposto pelo Exército russo ao Mar Negro, que paralisa o estratégico porto de Odessa, a Ucrânia - um dos celeiros do mundo - tenta desesperadamente exportar cerca de 20 milhões de toneladas de grãos armazenados em seus silos.

A ONU teme "um furacão de fome" nos países africanos que importam mais da metade de seu trigo da Ucrânia, ou da Rússia.

Somadas à decisão da Índia (terceiro produtor) de proibir exportações desse cereal, as sanções contra a Rússia - quarto maior produtor mundial de trigo, segundo o Departamento da Agricultura dos Estados Unidos - pela invasão da Ucrânia e a queda de 30% da produção ucraniana (sétimo produtor mundial) fizeram pensar que o trigo do Cone Sul (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai) poderia contribuir para preencher a lacuna entre demanda e oferta mundiais.

Segundo vários especialistas da região, o clima, os custos e as necessidades de consumo interno eliminam essa possibilidade.

 

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