Sob pressão para agir após o massacre em Uvalde, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, prometeu nesta segunda-feira (30) "seguir pressionando" por uma regulamentação mais rígida sobre a venda e a posse de armas de fogo, algo difícil dada a estreita maioria democrata no Congresso.
Biden, que visitou no domingo a localidade de Uvalde, no estado do Texas (sul), e passou várias horas com os familiares das vítimas do ataque a tiros que resultou em 21 mortes, disse que "a dor era palpável".
Na terça-feira passada, 19 crianças com entre 9 e 11 anos e duas professoras foram assassinadas na escola de ensino fundamental Robb Elementary School, quando um rapaz de 18 anos atirou contra elas, em mais um episódio do pesadelo recorrente de massacres escolares nos Estados Unidos.
Durante a visita no domingo ao local da tragédia, Biden ouviu muitas vozes que pediam: "Façam alguma coisa!". "Vamos fazer. Vamos fazer", respondeu o mandatário.
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"Sempre tive vontade" de agir em relação às armas, reafirmou o presidente nesta segunda aos jornalistas, assegurando que "continuaria pressionando" os congressistas.
"Não faz sentido poder comprar algo que dispara até 300 tiros", acrescentou, em uma clara referência ao fuzil semiautomático que portava Salvador Ramos, o atirador morto pela polícia.
A Segunda Emenda à Constituição dos Estados Unidos, que permite a posse de armas de fogo, "nunca foi absoluta", disse o presidente, para afirmar que certos tipos de armas foram excluídos em algum momento.
Congressistas democratas e republicanos estão em negociação para tentar chegar a um acordo neste tema, sobre o qual Joe Biden não conseguiu legislar até agora.
O presidente democrata ressaltou hoje que não estava participando dessas discussões, mas acrescentou que acreditava "que as coisas ficaram tão sérias que isso faz com que todo o mundo se torne mais racional a respeito".
No domingo, legisladores de renome já haviam expressado um otimismo cauteloso em relação à aprovação de leis mais estritas.
O senador democrata Dick Durbin disse sentir uma "mentalidade diferente" entre os representantes, inclusive entre os republicanos, tradicionalmente menos inclinados a legislar sobre o tema.
Contudo, ainda não está claro como poderia ser essa lei, que necessariamente teria de resultar de difíceis concessões.
Entre os elementos mencionados pelos legisladores estão o aumento da idade requerida para a compra de uma arma e a generalização da análise de antecedentes psiquiátricos e penais.
Preparativos para funerais
Os Estados Unidos registraram novos ataques com armas de fogo no fim de semana, que deixaram ao menos quatro pessoas mortas e uma dezena de feridos, segundo o site Gun Violence Archive.
Foi um fim de semana prolongado - devido ao feriado do "Memorial Day" nesta segunda -, quando costumam ocorrer mais fatos violentos desse tipo, especialmente nos meses mais quentes do ano.
Seis adolescentes ficaram feridos na noite de sábado em Chattanooga, Tennessee, "durante o que parece ter sido uma briga com outros jovens", informou o prefeito da cidade, Tim Kelly, em seu perfil no Twitter.
Outro tiroteio deixou um morto e sete feridos, entre eles uma criança, em um festival em Taft, Oklahoma, informaram no domingo as autoridades estaduais.
Em Uvalde, Texas, cidade que ainda está abalada pelo ataque na Robb Elementary School, já começaram os preparativos para enterrar as 21 vítimas do massacre.
Através de uma doação anônima, foram oferecidos mais de 175.000 dólares para "garantir que sejam cobertos todos os gastos das famílias relacionados com os funerais", disse na sexta-feira o governador do Texas, Greg Abbott.
O sepultamento das vítimas começará nesta terça-feira e deverá se estender até meados de junho.
Uma das primeiras cerimônias será a de Amerie Jo Garza, uma menina que acabara de celebrar seu aniversário de dez anos quando foi assassinada na escola.