Este ano, os russos não estão em Davos. Mas os ucranianos ocuparam o que, durante anos, foi sua vitrine na pequena cidade suíça para expor ali seus "crimes de guerra", uma tentativa de convencer as elites ocidentais a aumentar seu apoio à Ucrânia.
As imagens de cemitérios, de corpos dentro de sacos pretos ou de uma criança com respirador no hospital aparecem junto às de edifícios em ruínas destruídos pelas bombas.
A partir desta segunda-feira (23), a exposição fotográfica domina a casa situada em Promenade, na rua principal de Davos, a mesma onde, durante anos, os russos concentravam suas atividades no fórum, que a cada ano reúne as elites políticas e econômicas mundiais.
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Mas os russos despareceram do Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês) e os ucranianos converteram a "Casa da Rússia" em "Casa dos Crimes de Guerra da Rússia", onde organizam diversos atos esta semana para contar o que está ocorrendo em seu país, que resiste há três meses à invasão lançada por Vladimir Putin.
"Se contamos a história desta tragédia de forma mais ampla possível, talvez se salvem vidas", disse Victor Pinchuk, um empresário e mecenas ucraniano cuja fundação é uma das organizadoras.
Junto das fotos, uma parede inteira é ocupada por um grande mapa da Ucrânia, ainda "incompleto", que lista os "crimes de guerra russos" no país, explica Pinchuk.
Na parte superior do mapa, há um balanço até o dia 6 de maio: 4.177 civis mortos, entre eles 226 crianças, e 4.378 feridos, incluindo 417 menores.
As cifras também são detalhadas no mapa, região por região. No entanto, em alguns lugares, como Mariupol, onde o assédio e os bombardeios russos duraram semanas, apenas há sinais de interrogação.
Não existe uma cifra global de vítimas civis no conflito, mas, apenas em Mariupol, as autoridades ucranianas dizem que morreram 20.000 pessoas.
'Precisamos de vocês'
Denunciando as atrocidades da guerra, os ucranianos esperam convencer a comunidade internacional a aumentar a ajuda ao país e as sanções contra a Rússia.
Em um discurso por videoconferência, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, pediu mais armas, o fim de qualquer tipo de comércio com a Rússia e o "máximo" de sanções possíveis contra Moscou.
As mesmas exigências que os representantes ucranianos repetem em Davos.
"Hoje precisamos de vocês", disse Andriy Yermak, chefe da administração presidencial ucraniana, em um discurso por videoconferência na "Casa".
"Não lutamos apenas por nós mesmos. O destino da Europa e do mundo está em jogo", garantiu, denunciando que a ação dos russos se assemelha à "definição de genocídio da convenção da ONU de dezembro de 1948".
Oksana Kyrsanova, uma médica, viajou a Davos para contar seus últimos dias no hospital de Mariupol, sem calefação nem medicamentos."Nos trouxeram crianças pequenas em condições muito críticas [...] e não pudemos ajudá-las", lembrou.
Outro momento difícil foi a morte de uma mulher grávida. "Imaginem o que é colocar uma mulher jovem e um bebê em um saco preto? Esse foi o dia mais horrível", disse, com lágrimas nos olhos.
Os prefeitos de Melitopol, Ivan Fedoriv, e de Bucha, Anatoly Fedoruk, também compareceram pessoalmente a Davos.
"Por que matar os civis de nossa cidade?", se preguntou Fedoruk, que acredita que a explicação reside no fato de "os crimes não terem sido punidos no passado"."Esperamos sinceramente que se faça justiça", frisou.
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