Pandemia

Médico que vendia hidroxicloroquina contra a covid-19 é preso nos EUA

O médico contrabandeou o remédio e mentia dizendo que era um tratamento 100% eficaz contra o coronavírus

Aline Brito
postado em 30/05/2022 22:43
 (crédito: Skinny Beach Med Spa)
(crédito: Skinny Beach Med Spa)

Jennings Ryan Staley, médico na Califórnia, Estados Unidos, foi condenado à prisão por contrabandear e vender hidroxicloroquina como parte de “kits de tratamento para covid-19″. Ele enganava os pacientes dizendo que o remédio seria “100% eficaz”, quando, na realidade, não existe eficácia comprovada no uso do medicamento para tratamento da covid-19. 

O médico é dono de uma clínica em San Diego e foi condenado a 30 dias de prisão em regime fechado, um ano de prisão domiciliar e terá que pagar uma multa de US$ 10 mil. De acordo com informações divulgadas pelo Departamento de Justiça do Distrito Sul da Califórnia, no ano passado Staley havia se declarado culpado das acusações de contrabando.

Ele comprava a droga de um negociante chinês, fingindo que se tratava de extrato de batata e vendia para os pacientes. "Staley trabalhou com um fornecedor chinês para tentar contrabandear para os Estados Unidos um barril que ele acreditava conter mais de 11 quilos de pó de hidroxicloroquina, rotulando-o erroneamente como 'extrato de inhame'", informou, em nota, o Departamento de Justiça do estado norte-americano. Staley chegou a procurar investidores para o negócio, prometendo não só retorno financeiro dos investimentos, mas também triplicar o dinheiro em até 90 dias.

Segundo a promotoria americana, Staley tentou contrabandear a hidroxicloroquina para os Estados Unidos para vender como tratamento de covid-19 durante as primeiras semanas da pandemia. "No auge da pandemia, antes que as vacinas estivessem disponíveis, esse médico procurou lucrar com os medos dos pacientes. Ele abusou de sua posição de confiança e minou a integridade de toda a profissão médica. Estamos comprometidos em fazer cumprir as leis dos Estados Unidos e proteger os pacientes, incluindo processar médicos que optam por cometer crimes", declarou o procurador dos EUA Randy Grossman.

Agente do FBI se passou por paciente

Uma das testemunhas chave do julgamento foi um agente do FBI que se passou por paciente e procurou Staley em seu consultório, fingindo estar interessado no “kit de tratamento”. De acordo com o agente, o médico disse que o kit com hidroxicloroquina era uma cura com 100% de eficácia, uma bala mágica, uma arma fantástica e “quase boa demais para ser verdade”. 

Sobre as afirmações que que o remédio seria uma cura milagrosa, Staley reconheceu que "essas declarações eram importantes para o cliente em potencial e que, como médico, ele abusou de uma posição de confiança pública e usou uma habilidade especial para executar seu esquema". O médico ainda prometia aos pacientes imunidade de seis meses por meio do “tratamento” com a droga. O agente comprou seis desses "kits" e pagou 4 mil dólares. 

De acordo com as informações do Departamento de Justiça, além de fazer promessas infundadas, em uma ligação telefônica com o agente disfarçado, o médico teria se gabando dizendo que tinha comprado o último carregamento do remédio vindo da China. "Eu peguei o último tanque de hidroxicloroquina, contrabandeada da China, domingo à noite à 1h da manhã [...] o corretor contrabandeou, por assim dizer, enganou a alfândega dizendo que era extrato de batata-doce", disse.

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