O Talibã rejeitou nesta sexta-feira (27) o pedido do Conselho de Segurança da ONU para reverter as restrições às mulheres no Afeganistão, chamando as preocupações da comunidade internacional de "infundadas".
O Conselho de Segurança solicitou na terça-feira que os fundamentalistas islâmicos "revertam rapidamente as políticas e práticas que atualmente restringem os direitos humanos e as liberdades fundamentais de mulheres e meninas afegãs", em um comunicado aprovado por unanimidade.
O texto assinado pelos 15 membros do Conselho cita "a imposição de restrições que limitam o acesso das mulheres à educação, ao emprego, à liberdade de movimento e à participação plena, igual e significativa na vida pública".
Em particular, o Conselho de Segurança pede à liderança do Talibã que reabra as escolas para todas as meninas e expressa "profunda preocupação" com a exigência de que as mulheres cubram o rosto em espaços públicos e nas transmissões de televisão.
Em um comunicado divulgado nesta sexta-feira, o Ministério das Relações Exteriores afegão disse que as preocupações do Conselho de Segurança são "infundadas" e "reafirmou seu compromisso" de garantir os direitos das mulheres afegãs.
"Dado que o povo afegão é predominantemente muçulmano, o governo afegão considera que respeitar (o uso do) hijab islâmico está de acordo com os valores religiosos e culturais da sociedade e com as aspirações da maioria das mulheres afegãs", acrescenta o comunicado.
No início de maio, o líder supremo do Talibã ordenou que as mulheres cobrissem completamente seus corpos e rostos em público, considerando a burca, que deixa apenas uma malha na altura dos olhos, a melhor opção.
As restrições impostas às mulheres afegãs "descrevem um modelo de total segregação de gênero e visam tornar as mulheres invisíveis na sociedade", disse o relator especial da ONU para direitos humanos no Afeganistão, Richard Bennett, na quinta-feira em Cabul.
A comunidade internacional fez do respeito pelos direitos humanos, especialmente das mulheres, um pré-requisito nas negociações de ajuda e reconhecimento do regime islâmico.
As novas restrições confirmam a radicalização do Talibã, que inicialmente tentou mostrar uma face mais moderada do que durante seu governo anterior, entre 1996 e 2001.
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