Foi uma mensagem direcionada ao presidente norte-americano, Joe Biden. No momento em que ele visitava a Ásia, China e Rússia realizaram exercícios militares conjuntos no chamado Círculo do Pacífico — região que compreende 39 países, entre eles, Japão, Coreia do Sul e os Estados Unidos. De acordo com o Ministério da Defesa da Rússia, bombardeiros Tu-95ms, das Forças Aéreas Russas, e Xian H-06, do Exército de Libertação Popular (China), patrulharam as águas do Mar do Japão e do Mar do Leste da China.
As aeronaves Tu-95ms permaneceram em operação durante 13 horas e foram escoltadas por caças russos Su-30sm. Em alguns trechos do trajeto, caças F-2 (Coreia do Sul) e F-16 (Japão) acompanharam os bombardeiros, em um sinal de repúdio às manobras. A agência de notícias japonesa Kyodo relatou que autoridades japonesas chegaram a expressar sérias preocupações a Pequim e a Moscou.
O governo da Rússia informou que as aeronaves de ambos países atuaram estritamente segundo o direito internacional e garantiu que não houve violações do espaço aéreo. Por sua vez, o Ministério da Defesa da China confirmou os exercícios militares conjuntos "de natureza estratégica". A pasta anunciou tratar-se de uma "patrulha regular", dentro do plano para cooperação bilateral firmado entre as forças armadas sino-russas para 2022.
Ao mesmo tempo, Wang Wenbin, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, advertiu que "a cooperação com a Rússia tem uma força motriz significativa e valor independente, e não está direcionada contra terceiros nem recebe influência externa". "Nós agradecemos muito a declaração do ministro Sergey Lavrov (chanceler russo). Como ele ressaltou, as relações sino-russas têm resistido a novos testes do instável ambiente internacional e sempre mantiveram a direção certa do progresso", declarou.
Segundo a agência de notícias russa Tass, Wenbin disse que Pequim e Moscou seguirão comprometidos com "a promoção de um mundo multipolar e com a democratização das relações internacionais, defendendo o verdadeiro multilateralismo e se opondo à hegemonia e ao confronto entre blocos".
Sob condição de anonimato, um alto funcionário do governo dos EUA afirmou que a Casa Branca acompanhou os exercícios militares no Círculo do Pacífico. "Achamos que isso mostra que a China continua disposta a se alinhar estreitamente com a Rússia, inclusive por meio da cooperação militar", comentou. "A China não está se afastando da Rússia. Em vez disso, o exercício mostra que a China está pronta para ajudar Moscou a defender o seu leste enquanto a Rússia luta em seu oeste."
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Taiwan
Os testes militares na Ásia coincidiram, ontem, com o 90º dia de invasão da Rússia à Ucrânia. Também ocorreram um dia depois de Biden visitar Tóquio e confirmar que os EUA têm o "compromisso" de defender militarmente Taiwan, caso a China invada a ilha democrática e capitalista que considera uma província rebelde. O porta-voz da chancelaria chinesa, Wang Wenbin, advertiu que Washington pagará um "preço insuportável" se continuar no caminho errado sobre o tema de Taiwan. Ontem, Biden se retratou da declaração da véspera. Ao ser questionado se a política da "ambiguidade estratégica" em relação a Taiwan tinha acabado, o presidente respondeu: "Não". "O senhor pode explicar?", perguntou o jornalista, que escutou um lacônico "Não". De acordo com Biden, "a política não mudou em nada".
Em entrevista ao Correio, o embaixador Tsung-Che Chang, representante do Escritório Econômico Cultural de Taipei em Brasília (Representação de Taiwan), disse que o Partido Comunista Chinês (PCC) sempre culpa terceiros. "A China está desafiando a ordem internacional existente e é o maior perigo para a segurança e a paz regional. Ela continuará a criar desculpas para esconder suas ambições de expansão territorial", denunciou. "Taiwan jamais pertenceu ao regime do PCC, que tenta enganar o mundo para criar desculpas a fim de tomar Taiwan."
A guerra na Ucrânia entrou no quarto mês com a Rússia intensificando os combates contra os últimos focos de resistência na região de Luhansk, no Donbass (leste). O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, alertou que "as próximas semanas serão difíceis". Sergey Shoigu, ministro da Defesa russo, avisou que Moscou "continuará com a operação militar especial até que se cumpram todos os seus objetivos". "Pouco importa a grande ajuda ocidental ao regime de Kiev ou a pressão sem precedentes das sanções", acrescentou.
Ontem, o prefeito de Mariupol, cidade portuária do sudeste da Ucrânia, discursou por videoconferência no Fórum Econômico Mundial de Davos (Suíça) e denunciou que as "forças de ocupação russas" se comportam como um "Estado terrorista". Somente em Mariupol, as autoridades reconhecem 20 mil mortes.
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Mais de 200 corpos em porão de Mariupol
Os corpos de cerca de 200 civis foram encontrados em meio aos escombros de um prédio residencial na cidade portuária de Mariupol, no sudeste da Ucrânia. Petro Andryuschchenko, assessor do prefeito Vadym Boychenko, afirmou que socorristas localizaram os cadáveres no momento em que cavavam em um porão sob o edifício desmoronado. A maioria dos corpos estava em decomposição. Soldados russos teriam forçado os moradores a retirar os mortos e, diante da recusa deles, simplesmente abandonaram o local.