Por meio de videoconferência, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, utilizou a abertura do Fórum Econômico de Davos para cobrar a interrupção de todo o comércio com a Rússia. Ele também defendeu "o máximo" de sanções a Moscou e pediu à comunidade internacional o envio de mais armamentos a Kiev. O ambiente escolhido por Zelensky foi estratégico: o evento na cidade suíça concentrou as elites econômicas e políticas mundiais. Hoje, a invasão russa à Ucrânia completará três meses. "Acredito que ainda não existem tais sanções (máximas) contra a Rússia, e deveria haver", afirmou Zelensky. "Não deveria haver nenhum tipo de comércio com a Rússia", acrescentou o presidente.
O Ocidente impôs sanções econômicas à Rússia. A ministra ucraniana da Economia, Yulia Svyrydenko, disse "entender" que a Europa "está tentando calcular o custo para sua economia, mas reiterou que do outro lado está a Ucrânia. "Há uma guerra real", ponderou. Enquanto os Estados Unidos e o Reino Unido renunciaram à importação do petróleo, a União Europeia ainda não conseguiu alcançar um acordo sobre a questão, em razão da dependência de alguns de seus membros do petróleo e gás russos.
Zelensky reforçou que "a Ucrânia precisa de todas as armas que pedimos, não apenas das que foram fornecidas". De acordo com ele, se o país tivesse recebido equipamento militar em fevereiro, "o resultado teria sido dezenas de milhares de vidas salvas".
Professor de política comparativa da Universidade Nacional de Kiev-Mohyla, Olexiy Haran explicou ao Correio que, apesar do fracasso em tomar a capital, a Rússia ampliará a pressão sobre o Donbass (leste) e o sul da Ucrânia. "A ideia de Moscou é tentar ocupar a maior porção do território ucraniano quanto for possível, a fim de ditar sua posição à Ucrânia e aos parceiros internacionais. Nós precisamos do reforço de sanções, pois nem todas foram implementadas, e a Rússia mantém suas exportações. Precisamos de embargo sobre o petróleo e o gás da Rússia", disse. "O discurso de Zelensly em Davos foi à altura do desafio que se apresenta na Ucrânia."
Segundo Haran, se a Rússia for bem-sucedida na Ucrânia, enviaria um sinal para que a China possa atacar Taiwan. "A resposta da comunidade internacional deve ser exercida de forma que Pequim não seja capaz de tomar Taiwan. Acredito que Taiwan esteja em melhor situação do que a Ucrânia, pois os taiwaneses possuem um tratado militar firmado com os EUA, o qual prevê uma intervenção americana em caso de ataque chinês."
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Prisão perpétua para soldado russo
Um tribunal de Kiev condenou um soldado russo considerado culpado de crimes de guerra à prisão perpétua, no primeiro veredicto do tipo desde o início da invasão russa da Ucrânia. Vadim Shishimarin (foto), de 21 anos, admitiu ter matado um civil de 62 anos que empurrava sua bicicleta enquanto falava ao telefone. "O tribunal considerou (Vadim) Shishimarin culpado e o sentenciou à prisão perpétua", declarou o juiz Sergiy Agafonov. Em audiência na semana passada, Shishimarin declarou que lamentava o ocorrido e pediu "perdão" à viúva da vítima, justificando suas ações pelas "ordens" recebidas. Mas os promotores disseram que ele disparou entre três e quatro balas com a intenção de matar o civil. O tribunal também o considerou culpado de assassinato premeditado. "O assassinato foi cometido com intenção direta", disse o juiz. O advogado de Shishimarin, Viktor Ovsyannikov, prometeu recorrer.