Ao receber na Casa Banca o homólogo finlandês, Sauli Niinistö, e a primeira-ministra da Suécia, Magdalena Andersson, Joe Biden enviou ao mundo o mais contundente sinal de apoio à entrada de ambos países na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). O presidente dos Estados Unidos garantiu que Finlândia e Suécia cumprem "todos os requisitos e mais alguns" para adesão à aliança militar ocidental. "A conclusão é simples e direta: Finlândia e Suécia tornarão a Otan mais forte, não apenas por sua capacidade, mas porque ambos são democracias sólidas. Uma Otan forte e unida é a base da segurança dos Estados Unidos", declarou Biden.
O líder norte-americano admitiu que a presença de ambos na organização aumentará a segurança da Otan e aprofundará a cooperação em todos os níveis. "Tenho o orgulho de assegurar que eles contam com o apoio total e completo dos EUA", acrescentou Biden. "Isso diz respeito ao futuro. Trata-se de uma Otan revivida, que dispõe das ferramentas e recursos, da clareza e da convicção para defender nossos valores compartilhados e liderar o mundo", concluiu.
Também ontem, o Congresso dos Estados Unidos aprovou um pacote de US$ 40 bilhões (R$ 197,2 bilhões) para ajudar a Ucrânia a enfrentar a Rússia. Segundo a agência de notícias France-Presse, o pacote inclui US$ 6 bilhões para Kiev comprar veículos blindados e reforçar o sistema de defesa antiaérea.
Na quarta-feira, 84 dias depois da invasão russa, os dois países do Norte da Europa formalizaram o pedido de adesão à Otan. O processo encontra resistência da Turquia, que prometeu vetar a adesão. A inclusão de membros na aliança militar só é possível com a aprovação unânime dos 30 países integrantes.
Especialista em países bálticos e nórdicos do think tank American Enterprise Institute (AEI), em Washington, Elisabeth Braw concorda com Biden que Finlândia e Suécia tornarão a Otan mais forte. "Os dois possuem fantásticas capacidades de defesa, além de serem democracias fortes e terem uma governança consolidada. A Finlândia é especialmente forte em defesa territorial, uma área que a Otan tem negligenciado ao longo dos últimos anos", explicou ao Correio, por telefone.
Braw entende que há algo nas entrelinhas nas ameaças do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, de vetar a adesão de Finlândia e Suécia à aliança militar ocidental. "Ele quer usar todas as oportunidades para obter algum tipo de concessão ou de vantagens. Erdogan tem preocupações legítimas sobre os curdos abrigados pela Suécia, mas creio que a Turquia utiliza isso para ganhar algo de Estocolmo, de Helsinque ou mesmo da Otan ou dos Estados Unidos", avaliou. "Acredito que Erdogan esteja interessado em avançar na compra de caças F-16 americanos."
Ao analisar a resistência da Turquia em aceitar as adesões, Charly Salonius-Pasternak — especialista do Programa de Segurança Global do Instituto Finlandês de Assuntos Internacionais (FIIA) — lembrou ao Correio que o chanceler turco, Mevlut Cavusoglu, disse ao homólogo da Finlândia, Pekka Haavisto, que não via problemas na incorporação à Otan. "É supreendente vermos uma tática de negociações ao estilo bazar. Certamente, podemos esperar percalços pelo caminho. O que vejo são diferentes mensagens para públicos distintos", comentou.
De acordo com Salonius-Pasternak, a Turquia parece concentrar as ameaças sobre a Suécia. "Ainda não está claro o que a Turquia deseja, mas pode ser alguma barganha junto aos EUA e à Alemanha, por exemplo. Eu espero totalmente que Finlândia e Suécia se tornem membros observadores da Otan até o fim de junho."
Saiba Mais
- Mundo Ovnis: as incomuns imagens de ‘fenômenos aéreos inexplicáveis’ mostradas no Congresso dos EUA
- Mundo Filha de Putin namora bailarino de sobrenome Zelensky, diz site
- Mundo Covid na Coreia do Norte: 3 questões para entender a preocupante explosão de casos no país
- Mundo Biden viaja à Ásia à sombra de possíveis testes nucleares norte-coreanos
Front
Moscou obteve uma vitória simbólica, com o fim do foco de resistência em Mariupol, no sudeste da Ucrânia. Mais 800 combatentes do Batalhão de Azov entrincheirados no complexo siderúrgico de Azovstal se entregaram. Em quatro dias, 1.730 se renderam às forças da Rússia. Em vídeo, Sviatoslav Palamar, vice-comandante da unidade, garantiu que estava na siderúrgica com o restante do comando. Ele disse que a invasão à Ucrânia foi "um fracasso absoluto" e destacou que o povo se mantém "forte, inquebrantável, corajoso e livre".
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.
Sem recursos disponíveis
"As ameaças reiteradas da Rússia de retaliação, em caso de adesão da Finlândia ou da Suécia à Otan, são graves. Moscou tem repetido a advertência durante semanas. Mas, todos nós sabemos que a Rússia está ocupada com a Ucrânia neste momento. Ela não tem muitos recursos para gastar em qualquer agressão militar contra a Suécia e a Finlândia. A Rússia também sabe que os dois países têm se integrado à Otan nos últimos anos.
Não é segredo para ninguém que Estocolmo e Helsinque são muito próximos da aliança militar ocidental. Então, vejo dois fatores combinantes aqui: a escassez de recursos da Rússia para uma agressão, e o fato de os dois países serem grandes aliados da Otan. Não vale a pena para Moscou responder ou retaliar. No fim das contas, creio que Vladimir Putin verá que isso não é um bom negócio."