O secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu nesta quarta-feira (18) que a Rússia libere as exportações de cereais ucranianos e ao Ocidente que permita o acesso dos mercados mundiais aos fertilizantes russos para combater de forma eficaz a crise alimentar mundial.
"A Rússia deve permitir a exportação segura de cereais armazenados nos portos ucranianos", disse em uma reunião ministerial organizada em Nova York pelos Estados Unidos.
Guterres afirmou que "podem ser exploradas" vias de "transporte alternativas" para a saída marítima dos cereais armazenados em particular nos silos de Odessa, "embora saibamos que não será suficiente para resolver o problema".
Ao mesmo tempo, "os alimentos e os fertilizantes russos devem ter acesso completo e sem restrições aos mercados mundiais", pediu o chefe da ONU.
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Estes fertilizantes não estão submetidos às sanções ocidentais adotadas contra Moscou após a invasão russa da Ucrânia, mas sua compra por países estrangeiros pode ser bloqueada pelas medidas adotadas contra o sistema financeiro russo, segundo diplomatas.
António Guterres negocia estes dois assuntos há semanas com Rússia, Ucrânia, Estados Unidos, União Europeia e Turquia, que podem dar seu apoio para a retirada das minas dos arredores dos portos ucranianos e garantir o deslocamento dos navios.
"Tenho esperanças, mas ainda há um caminho a percorrer. As implicações de segurança, econômicas e financeiras complexas, exigem a boa vontade de todas as partes", declarou.
É que "não há solução eficaz para a crise alimentar sem reintegrar nos mercados mundiais, apesar da guerra, a produção alimentar da Ucrânia, assim como os alimentos e os fertilizantes produzidos por Rússia e Belarus".
Após alertar para o "fantasma da escassez alimentar mundial nos próximos meses", António Guterres destacou que "se não alimentarmos as pessoas, alimentamos os conflitos".
Para Guterres, a guerra na Ucrânia amplificou e acelerou os fatores que contribuem para a crise alimentar mundial: mudança climática, pandemia de covid-19 e desigualdades crescentes entre países ricos e pobres.
A crise "ameaça fazer dezenas de milhões de pessoas caírem na insegurança alimentar, na desnutrição, na fome" e "poderia durar anos", advertiu.
"Em apenas dois anos, o número de pessoas que sofrem de insegurança alimentar grave dobrou, passando de 135 milhões antes da pandemia para 276 milhões atualmente", declarou o chefe da ONU.
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