ESTADOS UNIDOS

EUA homenageiam vítimas de ataque racista em supermercado

O atirador, identificado como Payton Gendron, de 18 anos, foi preso na cena do crime, um supermercado em um bairro de maioria negra, depois que a polícia respondeu a chamados de emergência

Nicolas REVISE - AFP
postado em 15/05/2022 16:45 / atualizado em 15/05/2022 16:45
 (crédito:  Getty Images via AFP)
(crédito: Getty Images via AFP)

Moradores emocionados de Buffalo, no estado de Nova York, se reuniram neste domingo (15) em vigílias e serviços religiosos para homenagear as 10 pessoas assassinadas a tiros por um jovem e suposto supremacista branco em um ato descrito pelas autoridades como "terrorismo doméstico, puro e simples".

O atirador, identificado como Payton Gendron, de 18 anos, foi preso na cena do crime, um supermercado em um bairro de maioria negra, depois que a polícia respondeu a chamados de emergência.

Para realizar o ataque, Gendron dirigiu até Buffalo de sua cidade natal, Conklin, a mais de 320 quilômetros de distância, segundo a polícia.

O jovem foi denunciado no sábado pela noite por uma só acusação de assassinato em primeiro grau, e detido sem direito à fiança, informou o escritório do promotor distrital do condado de Erie.

O atirador usava um colete à prova de balas e portava um fuzil de assalto, segundo o departamento de polícia local, que detalhou que, entre os 10 mortos e três feridos, 11 eram negros. Além disso, Gendron usava um capacete equipado com câmera para transmitir sua ação ao vivo pela internet.

O presidente Joe Biden se pronunciou neste domingo sobre o fato em um serviço religioso de homenagem aos policiais americanos mortos em serviço: "Todos devemos trabalhar juntos para lidar com o ódio, que continua sendo uma mancha na alma dos Estados Unidos", afirmou.

Ontem, Biden havia deplorado o ataque ao classificá-lo de "terrorismo doméstico", cometido em nome da "repugnante ideologia nacionalista branca".

Execução 'ao estilo militar'

Os moradores se reuniram na parte externa do supermercado para a vigília, enquanto a governadora de Nova York, Kathy Hochul, a procuradora-geral do estado, Letitia James, e o prefeito de Buffalo, Byron Brown, participavam de uma missa em uma igreja batista da cidade.

Com sentimentos que iam de raiva à tristeza, os oradores denunciaram esta última erupção de violência racista e a fácil disponibilidade de armas de alto poder, algo que vem se transformando em uma cena tristemente familiar em todos os Estados Unidos.

Hochul, que nasceu em Buffalo, descreveu o crime como uma "execução ao estilo militar", ao assinalar que o atirador portava um fuzil de assalto semiautomático AR-15, e denunciou que as mensagens racistas se "espalham como fogo em um rastro de pólvora".

Em entrevista à emissora ABC, ela classificou as redes sociais como "instrumentos desse mal" e afirmou que as mesmas permitiam que os temas racistas "se propagassem como um vírus".

O incidente trouxe à tona lembranças de alguns dos piores ataques racistas na história recente do país, entre eles o assassinato de nove fiéis em uma igreja da comunidade negra na Carolina do Sul por um jovem branco em 2015, e o ataque de um homem branco no Texas em 2019, que resultou na perda de 23 vidas, a maioria delas de pessoas de origem latina.

'Crime de ódio'

O ato de ontem está sendo investigado como "crime de ódio" e um "caso de extremismo violento por motivos raciais", declarou aos jornalistas Stephen Belongia, agente especial responsável pelo escritório de campo do FBI em Buffalo.

A mídia local vinculou o atirador com um manifesto de 180 páginas que descreve uma ideologia supremacista branca e apresenta um plano para atacar um bairro habitado principalmente por pessoas negras.

Além de mencionar o ataque na igreja da Carolina do Sul, o agressor afirmou ter se "inspirado" no homem armado que matou 51 pessoas em uma mesquita na Nova Zelândia em março de 2019.

Se for declarado culpado, Gendron pode ser condenado à pena máxima de prisão perpétua sem liberdade condicional.

Em 2020, os Estados Unidos registraram 19.350 homicídios com armas de fogo, um índice quase 35% maior que em 2019, segundo dados recentes dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês).

 

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