Estados Unidos

Trump queria lançar mísseis no México, diz ex-secretário de Defesa

A informação foi divulgada no livro de memórias lançado por Mark T. Esper, que trabalhou ao lado de Trump por quase dois anos

Pedro Grigori
postado em 06/05/2022 18:41
 (crédito: Saul Loeb/AFP)
(crédito: Saul Loeb/AFP)

O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump cogitou, em 2020, lançar mísseis no México para “destruir laboratórios de drogas”. A informação foi divulgada por Mark T. Esper, que atuou como secretário de Defesa do governo republicano por quase dois anos. 

Segundo Esper, o ex-presidente o perguntou, pelo menos duas vezes, sobre a possibilidade. “Eles não têm o controle de seu próprio país”, Esper conta que Trump disse. A motivação do ato seria o descontentamento do republicano com o constante fluxo de drogas através da fronteira entre México e Estados Unidos. 

A ideia de Trump era “disparar alguns mísseis Patriot e eliminar os laboratórios, silenciosamente”. O ex-secretário acrescenta que Trump disse que “ninguém saberia que fomos nós” e que os Estados Unidos poderia negar a responsabilidade pelo ataque.

A informação é um dos detalhes do governo trumpista revelado pelo ex-secretário de Defesa no livro Um Juramento Sagrado, que será lançado na próxima terça-feira (10/5) nos Estados Unidos — e ainda não tem previsão de lançamento no Brasil. 

"Senti que estava escrevendo para a história e para o povo americano", disse Esper em entrevista ao jornal The New York Times, na edição desta sexta-feira (6/5). Ele contou que a publicação teve que passar pelo processo padrão de autorização de segurança do Pentágono, que verificou se o livro não divulgava informações confidenciais do país. Esper contou que também enviou os escritos para mais de duas dúzias de generais de quatro estrelas, alguns membros do gabinete e outros para avaliar a precisão e a justiça.

O cargo ocupado por Esper é relativo ao ministro da Defesa no Brasil, como uma autoridade sobre as Forças Armadas do país, atrás apenas do próprio presidente.

O The New York Times questionou a equipe de Trump sobre as informações descritas no livro, mas o porta-voz do ex-presidente não respondeu.

Eleições e Black Lives Matter


Esper detalhou também os bastidores das eleições norte-americanas de 2020. O ex-secretário disse temer que Trump usasse as Forças Armadas para fazer com que soldados apreendessem urnas no dia do pleito.

Outro momento de tensão no governo trumpista ocorreu em 1º de junho de 2020, durante os grandes protestos do movimento Black Lives Matter, motivados após o assassinato de George Floyd pela polícia. Ester conta que Trump o perguntou se ele “não pode simplesmente atirar neles?”


Questionado pelo jornal sobre qual a visão que ele tem de Trump após trabalhar no governo, Esper respondeu que “ele (Trump) é uma pessoa sem princípios que, por interesse próprio, não deveria estar na posição de serviço público.”

Demissão do governo

A relação entre Esper e Trump começou a azedar na época dos protetos do Black Lives Matter, após o ex-secretário se opor, publicamente, a convocar o exército para reprimir os protestos antirracistas.

Mesmo assim, a demissão só ocorreu em novembro de 2020, após Trump já ter perdido as eleições para Joe Biden. “Chris vai fazer um ótimo trabalho! Mark Esper foi demitido. Agradeço seu serviço”, tuitou Trump, em 9 de novembro de 2020.

Esper foi o quinto de seis secretários de Defesa que passaram pelo governo Trump.

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