Austrália, Nova Zelândia e Estados Unidos expressaram preocupação com a situação de segurança na região do Pacífico depois que a China assinou um acordo com as Ilhas Salomão que inclui assistência de defesa.
Os países assinaram o pacto esta semana, o que alimentou temores de que a China possa tentar construir uma base naval no Estado insular do Pacífico.
As Ilhas Salomão rejeitaram os últimos esforços da Austrália, país que mais faz doações às ilhas, para impedir o acordo.
O primeiro-ministro do país, Manasseh Sogavare, argumentou que o novo tratado "não prejudicaria a paz e a harmonia" na região. O líder das Ilhas Salomão acrescentou que o acordo não têm como alvo os seus aliados tradicionais, mas sim "nossa própria situação de segurança interna".
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Ele não revelou os termos do pacto, mas disse que ele foi firmado "de olhos bem abertos, guiados por nossos interesses nacionais".
Navios de guerra e tropas chinesas
A ministra das Relações Exteriores da Nova Zelândia, Nanaia Mahuta, expressou sua decepção com o acordo.
O pacto foi revelado poucos dias antes da visita às Ilhas Salomão do subsecretário de Estado para Assuntos do Leste Asiático e Pacífico dos EUA, Kurt Campbell, para conversas de alto nível.
Essas conversas provavelmente estão relacionadas às preocupações de segurança dos EUA sobre a intensificação da presença militar da China na região. Os EUA anunciaram que reabrirão sua embaixada nas Ilhas Salomão, fechada desde 1993.
De acordo com um rascunho vazado do acordo, verificado pelo governo australiano, o acordo prevê que navios de guerra chineses poderão atracar nas ilhas e que Pequim poderá enviar forças de segurança "para ajudar a manter a ordem social".
Nos últimos anos, tem havido numerosos distúrbios sociais nas Ilhas Salomão.
Em novembro, o governo australiano enviou agentes de segurança para ajudar a reprimir tumultos na capital, Honiara, depois que manifestantes invadiram o Parlamento na tentativa de derrubar Sogavare. A violência provocou mortes.
Um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China confirmou na terça-feira (19/4) que o pacto final mantém disposições sobre "manter a ordem social".
O 'pior fracasso da política externa australiana'
A ministra das Relações Exteriores da Austrália, Marise Payne, e o ministro do Pacífico, Zed Seselja, disseram que o acordo é "profundamente decepcionante" e que estão "preocupados com a falta de transparência com a qual este acordo foi desenvolvido".
"Nossa visão invariável, mesmo da perspectiva dos interesses nacionais da Austrália, continua sendo de que a família do Pacífico está melhor posicionada para atender às necessidades de segurança da região", disseram eles em um comunicado.
A oposição da Austrália disse que o acordo entre a China e as Ilhas Salomão é "o pior fracasso da política externa australiana no Pacífico" em 80 anos.
O primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, atualmente em campanha de reeleição — focado em parte na segurança nacional — negou que o acordo seja sinal de que seu governo errou nas relações diplomáticas com as Ilhas Salomão.
Ele diz que "não pode sair por aí dizendo aos líderes das ilhas do Pacífico o que devem e o que não devem fazer".
No entanto, Morrison disse que seu país não terá um "relacionamento submisso" com a China, que teria feito "todo tipo de promessa" às nações do Pacífico.
"Sempre defendemos nossa posição contra a China porque é do nosso interesse", disse Morrison a jornalistas na quarta-feira (20/4).
Já a ministra das Relações Exteriores da Nova Zelândia afirmou que seu país está "triste" com o pacto assinado pelas Ilhas Salomão com a China.
As Ilhas Salomão já haviam anunciado no início do mês passado que estavam trabalhando em um acordo de segurança com a China.
Isso preocupou em especial a Austrália, que fica a apenas 2 mil km ao sul das Ilhas Salomão.
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