França

Macron estabiliza liderança na disputa pelo governo da França

A cinco dias do segundo turno, pesquisas apontam vitória do atual presidente com pelo menos 7 pontos de diferença para Marine Le Pen, representante da extrema-direita. Amanhã, os candidatos travam debate decisivo

Se a eleição presidencial francesa fosse hoje, Emmanuel Macron asseguraria mais cinco anos como inquilino do Palácio do Eliseu. A apenas cinco dias do pleito, todas as 16 pesquisas divulgadas desde o primeiro turno, em 10 de abril, apontam a vitória do candidato do partido Em Marcha! sobre Marine Le Pen, do Reagrupamento Nacional. As sondagens indicam estabilização da liderança de Macron — o atual chefe de Estado teria entre sete e 12 pontos percentuais de dianteira. No primeiro turno, a campanha de Le Pen conseguiu a façanha de reduzir a diferença inicial entre os dois candidatos, ao explorar o aumento do custo de vida na França. Na ocasião, a candidata da extrema-direita teve 23,1% dos votos contra 27,8% para Macron.

Pesquisa diária feita pelo instituto Ipsos mostra que Macron está a frente de Le Pen, com 56% contra 44%. Para analistas, a reta final de campanha centrará em temas como economia, bem-estar social, imigração, política externa e meio ambiente, o que pode beneficiar o atual presidente. 

Amanhã, os dois adversários se enfrentarão no primeiro debate antes do segundo turno, um momento-chave para as pretensões de Le Pen, que teve um desempenho desastroso no confronto de ideias com Macron, em 2017. Dessa vez, Marine garante estar mais preparada para discutir suas propostas com o atual presidente. "Espero que seja um confronto real de ideias, não uma sucessão de invectivas, fake news e excessos, como ouvi na semana passada", declarou, em visita à Normandia. 

Ontem, ao participar do programa de TV C à Vous, da emissora France 5, Macron partiu para o ataque contra Le Pen. Ao ser perguntado por qual motivo se refere a ela como a "candidata da extrema-direita", o centrista respondeu que as ideias defendidas pela adversária não são de centro-direita nem da direita republicana. "Ela faz parte de uma família, de um clã, que tem adotado as mesmas ideias. (...) Algumas vezes, mudam a fachada das ideias para torná-las mais aceitáveis, mas trata-se das mesmas ideias, às vezes até mais duras. A negação do que é a França e sua identidade sobre a questão do asilo. Em relação à Europa, equivale a abandonar o euro sem assumir isso", declarou, segundo o jornal Le Figaro.

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Referendo

Macron também disse ao programa Quotidien da emissora TMC que a disputa do próximo domingo será "um referendo a favor ou contra a Europa", "a favor ou contra a República Laica e a fraternidade", "a favor ou contra a ecologia". Ele se disse indignado ao escutar as pessoas afirmarem que as duas candidaturas valem a pena. "Desculpem-me, mas o projeto de madame Le Pen e o meu não são a mesma coisa. A extrema-direita e o que defendo não são a mesma coisa", afirmou. 

Por sua vez, em entrevista à rádio France Bleu, Le Pen buscou se agarrar à imagem mais moderada — estratégia que tem abandonado nos últimos dias — e tratou de suavizar o discurso. "Quero formar um governo de unidade nacional, inteiramente ao serviço dos franceses", prometeu. "Estou fundamentalmente ligada à obra do general Charles de Gaulle e a este princípio fundamental: o governo do povo, pelo povo e para o povo", acrescentou, ao citar o presidente  que governou a França entre 1959 e 1969. No Twitter, Le Pen também adotou a tática de confrontação. Sua equipe de campanha publicou peças publicitárias, em que a candidata aparece com a foto colorida e uma proposição positiva, enquanto Macron surge em preto-e-branco acompanhado de uma mensagem negativa.