O ex-presidente de Honduras, Juan Orlando Hernández, foi extraditado nesta quinta-feira (21/4) em um avião da DEA de Tegucigalpa para os Estados Unidos, onde será julgado por tráfico de drogas e poderá ser condenado à prisão perpétua.
Uma aeronave pertencente à agência antidrogas dos EUA decolou de uma base da Força Aérea de Honduras às 14h27 locais (17h27 de Brasília), com Hernández sob custódia a bordo, algemado e vestindo um casaco azul e jeans.
Em meio a uma forte operação de segurança, Hernández deixou a prisão que ocupava desde meados de fevereiro, sede das Forças Especiais da Polícia, conhecidas como Los Cobras, no leste de Tegucigalpa. Ele foi levado de helicóptero para uma base aérea da Força Aérea de Honduras em Toncontin, ao sul da capital.
Ao descer, foi cercado pelo ministro da Segurança, Ramón Sabillón, e um grupo de policiais. Em um prédio de base aérea, ele aguardou a chegada do avião da DEA que mais tarde o levaria aos Estados Unidos.
"Sou inocente e estou sendo processado de maneira injusta (...). A ,injustiça em qualquer lugar é uma ameaça à justiça em qualquer lugar", declarou o ex-presidente de 53 anos em um vídeo divulgado nesta quinta pela imprensa local.
"Sabem que trabalhei incansavelmente com o propósito de recuperar a paz em Honduras, demos nosso máximo esforço por nossa nação e é lamentável que aqueles que transformaram Honduras em um dos países mais violentos da face da terra, esses vilões, agora queiram ser heróis", acrescentou.
Sua esposa, Ana García, disse acreditar em sua inocência. "Meu amor (...) Estamos convencidos de que você voltará, claro que voltará porque é inocente", escreveu no Twitter.
Advogados em Nova York
Outrora aliado de Washington, Hernández é solicitado pelos promotores americanos porque "participou de uma violenta conspiração de tráfico de drogas para receber carregamentos de várias toneladas de cocaína" entre 2004 e 2022.
Por meio da conspiração, “aproximadamente 500.000 quilos de cocaína foram transportados através de Honduras com destino aos Estados Unidos”, segundo sua acusação.
A extradição, inicialmente aprovada por um juiz, foi ratificada no final de março pelos 15 magistrados do plenário da Suprema Corte de Justiça, todos nomeados durante o primeiro governo de Hernández.
Em nota, a família do ex-presidente anunciou que contratou os advogados Raymond Colón e Daniel Pérez em Nova York para assumir o caso e ser, a partir de então, os porta-vozes do processo.
A família de Hernández reiterou a "inocência" do ex-presidente e o considerou "vítima da vingança dos narcotraficantes que ele mesmo extraditou ou que obrigou a fugir para os Estados Unidos".
Segundo o argumento do ex-presidente, os traficantes que seu governo ajudou a extraditar buscam acordos com o Ministério Público dos EUA para reduzir suas sentenças, "e com base em mentiras" acusam o ex-presidente "de cometer atos em desacordo com a lei do país”.
Durante sua gestão, o ex-presidente mostrou com orgulho os elogios de Washington por seu trabalho nas apreensões de drogas.
Em 2017, quando conseguiu se reeleger para um segundo mandato em meio a acusações de fraude por parte da oposição e confrontos de cidadãos que deixaram 30 mortos, os Estados Unidos foram um dos primeiros a saudar sua vitória.
Hernández deixou o poder em 27 de janeiro de 2022. Dias depois, o Departamento de Estado anunciou sua inclusão em uma lista de personagens corruptos e depois solicitou sua extradição.
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