Guerra na Ucrânia

Biden e Ocidente diante do desafio de uma guerra longa na Ucrânia

Os Estados Unidos alertaram que a nova fase da guerra na Ucrânia seria longa; "Devemos nos armar para uma longa luta" diz Joe Biden

Agence France-Presse
postado em 20/04/2022 19:44 / atualizado em 20/04/2022 19:45
 (crédito:  BRENDAN SMIALOWSKI)
(crédito: BRENDAN SMIALOWSKI)

Os Estados Unidos e seus aliados alertaram que a nova fase da guerra na Ucrânia seria longa, o que representa um desafio para Joe Biden, que precisa manter a mobilização e a unidade do Ocidente ao longo do tempo contra a Rússia.

"Devemos nos armar para uma longa luta", disse o presidente americano durante sua visita à Polônia em março.

Em Washington não há como esconder uma certa satisfação pelo desenvolvimento da primeira fase do conflito desde a invasão russa da Ucrânia em 24 de fevereiro.

Os serviços de inteligência dos EUA esperavam que Kiev caísse em breve, mas o exército ucraniano, cada vez mais armado por americanos e europeus, resistiu e forçou o invasor a voltar as atenções para o leste do país.

O governo americano mobilizou uma vasta coalizão para impor sanções sem precedentes à Rússia que vão além da União Europeia e da Otan.

Mas com a nova batalha no leste da Ucrânia, alguns estrategistas americanos temem que esse esforço comum possa se desfazer gradualmente.

Se a guerra se concentrar na região de Donbass, longe de Kiev e das fronteiras da Otan, a unidade do Ocidente pode diminuir a longo prazo, admite um diplomata. "É um desafio", afirmou à AFP.

Outro funcionário teme que certos países europeus, duramente atingidos pela inflação induzida pelas sanções, possam ser tentados a aliviar a pressão.

 

"Escalada do horror" 

Por enquanto, isso não deve ser o caso.

"A batalha que está sendo preparada promete ser acirrada", "entre grandes exércitos, com tanques", enfatizou o ex-embaixador dos Estados Unidos em Kiev, William Taylor. "Como durante a Segunda Guerra Mundial", completou à AFP.

"Os russos mostraram sua vontade de matar muitos civis (...) então acho que o senso de urgência e atenção para a Ucrânia" não diminuirá, mas "se intensificará", analisou Taylor, atual vice-presidente do Instituto da Paz dos Estados Unidos.

Marie Jourdain, pesquisadora do Atlantic Council, confirmou que "a intensidade dos combates e o risco de escalada do horror nas próximas semanas" devem continuar a unir os anti-Kremlin. Mas isso pode mudar se a guerra se arrastar e ocorrer "uma certa banalização das imagens".

Segundo ela, "o grande desafio" para o Ocidente seria, então, "manter a unidade e a pressão contra a Rússia em um contexto de crescente desinteresse" da opinião pública, que também poderia se cansar das "repercussões econômicas".

Por enquanto, os Estados Unidos e vários países europeus preferem aumentar a pressão sobre o presidente russo, Vladimir Putin. E eles têm várias opções para atingir o objetivo.

 'Pressão do Congresso' 

Os americanos depositam grandes esperanças em um movimento aparentemente nada espetacular: interromper a exportação para Moscou de componentes tecnológicos essenciais para a indústria militar russa.

A longo prazo, os militares russos terão problemas para renovar seu arsenal e mísseis, segundo Washington.

Mas é sobretudo um embargo europeu ao petróleo ou gás russo, como o decretado por Washington, que pode mudar a situação.

Por enquanto, os países mais dependentes da energia russa, como a Alemanha, se opõem a tal medida.

Nos bastidores, as autoridades americanas estimam que essa medida, que era inimaginável há apenas algumas semanas, acabará por ser tomada.

O último obstáculo para o presidente dos Estados Unidos é continuar fornecendo armas para a Ucrânia, evitando ao mesmo tempo o risco de um confronto direto com a Rússia.

Enquanto isso, o Congresso o pressiona a ir mais longe. Um dos aliados mais próximos de Biden, o senador democrata Chris Coons, acredita que Washington deveria considerar o envio de tropas para a Ucrânia, uma linha vermelha para a Casa Branca.

"A pressão do Congresso é produtiva, pois o governo Biden está fazendo coisas que antes se recusava a fazer", disse William Taylor. De fato, o Pentágono tem enviado artilharia pesada e helicópteros para Kiev, apesar de sua cautela inicial.

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