Guerra da Ucrânia

Mineiro teve que abrir mão da nacionalidade para permanecer na Ucrânia

Fábio Júnior de Oliveira é de Passos (MG) e faz parte de um grupo de voluntários formado por estrangeiros; nove deles retornaram ao Brasil

Luciene Garcia - Especial para o Estado de Minas
postado em 19/04/2022 19:53 / atualizado em 19/04/2022 19:53
Fábio Júnior de Oliveira só não foi expulso do acampamento em que treina, perto da divisa com a Polônia, porque disse que mudaria de nacionalidade -  (crédito: Acervo pessoal)
Fábio Júnior de Oliveira só não foi expulso do acampamento em que treina, perto da divisa com a Polônia, porque disse que mudaria de nacionalidade - (crédito: Acervo pessoal)

Os ucranianos que estão em guerra com a Rússia estão hostilizando brasileiros por causa do presidente Jair Bolsonaro. Um exemplo disso foi a expulsão de nove brasileiros, inclusive uma médica, do grupo da Legião Internacional de Defesa Territorial da Ucrânia, uma unidade militar formada por estrangeiros que queiram combater os russos no país. O mineiro de Passos Fábio Júnior de Oliveira, de 42 anos, contou que os brasileiros foram mandados embora no sábado por causa da postura de Bolsonaro na reunião do G-20.

Fábio conta que o grupo tem somente estrangeiros e que a situação ficou complicada para os brasileiros. “Nós chegamos a ser dispensados, mas aí eu pedi para falar com o oficial e disse para ele que Bolsonaro não nos representa, que viemos para lutar e chegamos ao extremo de dizer que renunciaríamos à nossa cidadania. Aí, ele aceitou que cinco ficassem”, comentou. "No momento, muitas pessoas estão na frente de batalha, brasileiros inclusive, e não sabemos onde eles estão."

Fábio está em um treinamento que dura 20 dias. Ele chegou à Ucrânia na sexta-feira (15/4). “Eu vi muitos brasileiros das regiões Sul e Sudeste, de todos os estados, só não vi ainda de Santa Catarina. Fica difícil dizer onde e quantos são; tem gente em Mauriupol, em Kiev, lutando”, conta.

“Nove brasileiros foram expulsos no sábado; sei o nome de apenas um, que é Wellington. O motivo foi a política externa a toque de caixa de Bolsonaro e, aqui pra nós, nós escutamos com todas as letras - 'Seu presidente é aliado da Rússia'”, contou. "Os que foram embora não tiveram essa posição de abandonar a nacionalidade. Mesmo sabendo que não posso ficar sem nacionalidade, foi o argumento que eu encontrei. E eu já havia dado entrevista chamando o Bolsonaro de 'cachorrinho do Putin'”, disse.

"No dia em que Bosonaro falou, no Brasil, que iria defender o diálogo com Putin é que os nove voluntários foram mandados embora. “Eu falei pelos brasileiros, falei por todos, fui firme e demonstrei que estamos aqui para ajudar, para lutar, independentemente da posição do presidente", finalizou.

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