O 53º dia da guerra na Ucrânia começou com um ultimato da Rússia para que as forças ucranianas que ainda resistem em Mariupol se rendessem. O prazo, porém, foi ignorado pelos combatentes e o premiê ucranianos garantiu que não haverá rendições. Ao mesmo tempo, a Rússia voltou a atacar a capital Kiev e cidades ao redores, em uma promessa feita após a perda de seu navio principal no Mar Negro.
A Rússia continua avançado para conquistar totalmente Mariupol, no que seria o primeiro grande sucesso russo em uma guerra repleta de reveses. A captura da cidade liberaria as forças russas para enfraquecer e cercar as forças ucraniano no leste, onde a Rússia concentrou seus objetivos de guerra por enquanto e está enviando pessoal e equipamentos retirados do norte após uma tentativa fracassada de tomar Kiev.
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Enquanto isso, diversas perguntas continuam não respondidas sobre o que aconteceu com o poderoso navio de guerra russo, Moskva, e sua tripulação de mais de 500 pessoas, que naufragou na última quinta-feira, 14. Mesmo com a imprensa russa comprando a versão estatal de que o cruzeiro afundou após um incêndio - contra a versão ucraniana e dos EUA de que mísseis Netuno foram a causa - um popular apresentador de televisão pró-Kremlin levantou a questão: "o que deu errado?"
Ultimato em Mariupol
Soldados ucranianos desafiaram um ultimato russo de abaixar as armas até este domingo, no porto cercado de Mariupol, cidade que a Rússia diz ter tomado quase completamente no que seria sua maior conquista nos quase dois meses de guerra na Ucrânia.
A Rússia deu um prazo para que os ucranianos cercados em na siderúrgica Azovstal se rendessem até 6h locais (0h de Brasília) e deixassem o prédio até às 13h (7h de Brasília). Mas o prazo acabou sem que houvesse sinais de rendição dos combatentes. Em entrevista à imprensa americana, o primeiro-ministro da Ucrânia, Denis Shmigal, disse que as forças ucranianas em Mariupol lutarão "até o final".
Os militares russos estimaram que cerca de 2.500 combatentes ucranianos resistem na enorme usina siderúrgica, que possui um labirinto de passagens subterrâneas e forneceram o último bolsão de resistência em Mariupol.
O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmitri Kuleba, bem como o presidente Volodmir Zelenski, alertaram que a situação em Mariupol seria a "linha vermelha" para a continuação das negociações com a Rússia.
Bombardeio em Kiev e Kharkiv
Seguindo a promessa russa de voltar a bombardear a capital ucraniana após a retirada de suas forças, as forças russas realizaram novos ataques com mísseis neste domingo perto de Kiev e em outros lugares, em um aparente esforço para enfraquecer a capacidade militar da Ucrânia antes do ataque antecipado no leste.
O prefeito de Kiev, Vitali Klitschko, disse que um ataque no sábado contra o que o Ministério da Defesa da Rússia identificou como uma fábrica de veículos blindados matou uma pessoa e feriu várias. Ele aconselhou os moradores que fugiram da cidade no início da guerra a não retornarem.
Como Mariupol, a cidade de Kharkiv, no nordeste do país, tem sido um alvo contínuo da agressão russa desde os primeiros dias da invasão e viu as condições se deteriorarem antes da ofensiva no leste.
Pelo menos cinco pessoas foram mortas por bombardeios russos em Kharkiv, a segunda maior cidade da Ucrânia, disseram autoridades regionais. A barragem atingiu prédios de apartamentos e deixou as ruas repletas de cacos de vidro e outros detritos, incluindo parte de pelo menos um foguete.
A Rússia também disse que suas forças derrubaram dois caças MiG-29 ucranianos na região de Kharkiv e destruíram dois postos de comando ucranianos e um sistema de radar para mísseis terra-ar S-300 na cidade de Avdiivka, ao norte da cidade de Donetsk. As autoridades ucranianas não confirmaram imediatamente as perdas alegadas.
'Páscoa de guerra'
Em seu discurso semestral "Urbi et Orbi" (para a cidade e o mundo) para cerca de 50.000 pessoas na Praça de São Pedro, no Vaticano, o Papa Francisco pediu aos líderes que ouçam o apelo do povo pela paz na Ucrânia e criticou implicitamente a Rússia por arrastar o país para um conflito "cruel e sem sentido".
Francisco dedicou grande parte do discurso, tradicionalmente uma visão geral dos conflitos mundiais, à Ucrânia, comparando o choque de outra guerra na Europa ao choque dos apóstolos que o evangelho diz que viram Jesus ressuscitado.
"Nossos olhos também estão incrédulos nesta Páscoa de guerra. Vimos muito sangue, muita violência. Nossos corações também se encheram de medo e angústia, como muitos de nossos irmãos e irmãs que tiveram que trancar-se para ficar a salvo de bombardeios", lembrou.
Foi a primeira Páscoa desde 2019 que o público foi autorizado a participar após dois anos de restrições impostas pela covid-19. (Com agências internacionais)
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