A polícia prendeu o suspeito pelo tiroteio no metro de Nova York que deixou 23 feridos, dez deles baleados, na terça-feira, anunciaram as autoridades nesta quarta-feira (13) após um dia intenso de buscas pelo agressor. "Nós o pegamos", disse o prefeito, Eric Adams.
Frank James será acusado de "ataque terrorista", anunciaram as autoridades americanas. "O senhor James enfrenta agora uma acusação federal por seus atos. Um ataque terrorista contra o (sistema de) transporte coletivo", disse Michael J. Driscoll, assistente de direção do escritório do FBI em Nova York.
O promotor de Nova York, Breon Peace, disse em nota que James foi acusado "de violar (o artigo) 18 USC 1992, que proíbe o terrorismo e outros ataques violentos contra os sistemas de transporte coletivo".
A polícia identificou o afro-americano de 62 anos como suspeito de ativar duas granadas de fumaça quando o vagão se aproximava da estação "36 Street", no Brooklyn, antes de disparar 33 tiros contra os passageiros. James foi detido quando caminhava por uma rua de Manhattan, disse a chefe da polícia de Nova York, Keechant Sewell. A prisão ocorreu sem incidentes, acrescentou.
Segundo imagens nas redes sociais, um homem parecido com James, vestido com roupa escura e boné preto, foi introduzido em uma viatura policial aparentemente sem resistência.
As autoridades chegaram a oferecer 50.000 dólares de recompensa por qualquer informação que levasse à prisão do homem encorpado que possivelmente sofre de doenças mentais.
Seu cartão de crédito e as chaves da van que ele havia alugado na Filadélfia foram encontrados no local do ataque.
O prefeito da cidade pediu aos moradores que fiquem "vigilantes", mas disse que não há evidências de que o atirador tenha um cúmplice, acrescentando: "Parece que ele agiu sozinho."
Histórico criminal
Segundo o chefe de investigação da polícia, James Essig, o suspeito tem um vasto histórico de detenções por posse de ferramentas para roubos, atos sexuais criminais, roubo e desvio de conduta.
James já havia postado vários vídeos no YouTube, nos quais aparece fazendo longos, e às vezes agressivos, comentários políticos, incluindo críticas ao prefeito Adams, um ex-capitão da polícia que defende mão de ferro nas ações de segurança na maior cidade do país.
A irmã de James, Catherine James Robinson, disse ao jornal The New York Times que ficou "surpresa" ao ver seu irmão considerado como suspeito. "Nunca pensei que poderia fazer algo assim", reconheceu, depois de especificar que há tempos não tem contato com ele.
Serviço normal
O metrô reabriu nesta quarta-feira com o "serviço normalizado" e "completo em todas as linhas depois que a NYPD [Polícia de Nova York] concluiu sua investigação", disse a autoridade de trânsito desta cidade de quase nove milhões de pessoas.
Para muitos passageiros que dependem inteiramente desse transporte público para se locomover na cidade, hoje era mais um dia comum como outro qualquer, apesar de estarem mais alertas depois do tiroteio.
"Estava muito mais atenta hoje, olhando o que acontecia à minha volta e garantindo que estava seguro", disse à AFP Laura Swalm, de 49 anos, que usa com frequência o trem de Nova Jersey para Manhattan. Ela também comentou que teve a impressão de que havia menos gente esta manhã do que em outros dias.
"Muita gente que vive longe não tem escolha. Depende do metrô, não pode deixar de usá-lo, independentemente se há um incidente ou não", disse à AFP Daniela, de 29 anos, originária da Bósnia, que reconhece que não pode evitar pensar "que um dia posso não voltar para casa com meus filhos".
Pistola, munições e um machado -
Segundo o último balanço do tiroteio, que não está sendo investigado como um ato terrorista, 10 pessoas ficaram feridas à bala e outras 13 por inalar fumaça ou no empurra-empurra durante a fuga.
Armado com uma pistola, o suspeito colocou uma máscara de gás enquanto o trem entrava na estação. Depois, acionou duas granadas de fumaça e realizou 33 disparos, segundo o chefe de polícia de Nova York, James Essig. A polícia encontrou uma pistola Glock 17 de calibre 9 mm, três carregadores de munições adicionais e um machado.
"O que se viu foi uma bomba de fumaça preta explodindo e depois... as pessoas indo para a parte de trás [do vagão]", disse à CNN uma das vítimas do tiroteio, Hourari Benkada, ao descrever o momento em que os passageiros começaram a fugir, correndo para o fundo da composição.
Benkada contou que embarcou no primeiro vagão, na Rua 59, e se sentou ao lado do atirador. Como estava com fones de ouvido, não percebeu nada até o vagão começar a se encher de fumaça.
"Fui empurrado e foi quando levei um tiro na parte de trás do joelho", acrescentou.
'No meu DNA'
Um dia depois do incidente, alguns usuários do metrô, no entanto, se mostraram corajosos e afirmam que não vão deixar de utilizar o sistema.
"Ninguém vai me fazer desistir do metrô. O metrô está no meu DNA e me sinto mais comprometido do que nunca com Nova York e com o metrô", declarou à AFP Dennis Sughrue, de 56 anos, ao sair da maior estação da cidade, a Grand Central Station, que conecta o sistema de metrô com as ferrovias.
Nova York registra este ano um aumento dos tiroteios e uma retomada dos crimes violentos. Até o dia 3 de abril, os incidentes com armas subiram para 296, enquanto, no mesmo período do ano passado, foram registrados 260, segundo as estatísticas da polícia.
Leis brandas sobre armas e o direito constitucional de portar armamento têm frustrado repetidamente as tentativas de reduzir o número de armas em circulação no país, apesar de a maioria da população americana ser favorável a controles mais rígidos.
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