ELEIÇÕES

Viktor Orban busca quarto mandato após fechamento das urnas na Hungria

Orban votou ao lado da esposa, Aniko Levai, durante a manhã em uma escola do subúrbio de Budapeste. Ele prometeu uma "grande vitória".

Agência France-Presse
postado em 03/04/2022 17:04
 (crédito: JOHN THYS )
(crédito: JOHN THYS )

 Após uma campanha marcada pelo início da guerra na Ucrânia, o primeiro-ministro Viktor Orban joga sua sobrevivência política nas eleições legislativas deste domingo (3) na Hungria, após 12 anos de reformas "iliberais".

Para enfrentar o primeiro-ministro, a oposição formou uma aliança inédita de seis partidos, com o objetivo declarado de derrotar o governante, que chamam de "autoritário", de 58 anos.

A taxa de participação se aproximou de 67,8% meia hora antes do fechamento das urnas, muito próxima da mobilização recorde das eleições de 2018.

Na ausência de pesquisas de boca de urna, os primeiros resultados não serão conhecidos até tarde da noite. A maioria das pesquisas de opinião dá a liderança ao partido Fidesz, de Orban, mas a batalha nunca esteve tão próxima e os analistas continuam cautelosos.

Acusado pela Comissão Europeia de múltiplos ataques ao Estado de direito, Orban silenciou durante três mandatos consecutivos a justiça e os meios de comunicação, estimulando ao mesmo tempo uma visão ultraconservadora da sociedade.

Orban votou ao lado da esposa, Aniko Levai, durante a manhã em uma escola do subúrbio de Budapeste. Ele prometeu uma "grande vitória".

"É uma eleição justa e equitativa", declarou, ao rebater as acusações de fraude na votação, que pela primeira vez é acompanhada por mais de 200 observadores internacionais. Além disso, cada lado mobilizou muitos voluntários.

O líder da oposição, Peter Marki-Zay, de 49 anos, votou ao lado dos sete filhos depois de comparecer à missa na cidade de Hodmezovasarhely (sudeste).

Marki-Zay, conhecido como MZP, denunciou as "condições injustas e impossíveis" destinadas a permitir que seu rival "permaneça eternamente no poder", citando por exemplo que mal teve direito a cinco minutos na televisão pública, que como outros meios de comunicação oficiais segue a linha de Orban.

- "Arruinaram nosso país" -
Entre os apoiadores do Fidesz, o partido no poder, Zsuzsa Alanyi, decoradora de 44 anos e mãe de quatro filhos, destacou a "reduções de impostos" e a "ajuda" às famílias

Por outro lado, para Agnes Kunyik, 56, Orban e seu partido "arruinaram nosso país, destruíram-no". "Queremos ficar na Europa, queremos um Estado democrático com líderes racionais", disse à AFP.

A eleição não será decidida na capital Budapeste, onde a vitória da oposição parece garantida, e sim nas 20 a 30 circunscrições com muitos eleitores indecisos, que ajudarão a definir as 199 cadeiras do Parlamento.

O MZP percorreu nas últimas semanas as áreas com indecisos para ouvir os eleitores, com a esperança de derrotar a "propaganda" do governo.

Do outro lado, "Viktor Orban permaneceu invisível ou quase", destaca Andras Pulai, do instituto de pesquisas Publicus, ligado à oposição. "Ele compareceu basicamente a eventos reservados a seus partidários mais leais", disse.

A pesquisa mais recente do Publicus mostra um empate técnico, mas outros institutos apontam uma leve vantagem do Fidesz.

Devido ao sistema eleitoral, a oposição precisaria vencer por 3 ou 4 pontos para obter a maioria no Parlamento, segundo Pulai. "É muito difícil prever o resultado da votação. Pode acontecer qualquer coisa", declarou o analista.

- "A guerra mudou tudo" -
O conflito na vizinha Ucrânia mudou de maneira brutal o cenário da eleição.

"A guerra explodiu e a guerra mudou tudo", resumiu o primeiro-ministro na sexta-feira, durante um comício, o único de sua campanha.

"Paz contra guerra", a equação é simples na sua visão.

De um lado, um governo que se nega a fornecer armas à Ucrânia e adotar sanções que privariam a Hungria dos preciosos petróleo e gás russos. Do outro, uma oposição que seria beligerante.

Apesar de insistir com este discurso, a proximidade cultivada desde 2010 com o "agressor" Vladimir Putin pode jogar contra Orban, afirma Pulai.

Além da eleição dos deputados, os húngaros também devem responder a quatro perguntas vinculadas à recente lei anti-LGBT+, que proíbe falar aos menores de 18 anos sobre "mudança de sexo e homossexualidade".

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