EUA

Biden libera estoques de petróleo para baixar preço nos EUA

Joe Biden determinou a liberação de reservas de petróleo na tentativa de reduzir os preços altos depois da invasão russa

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, determinou nesta quinta-feira (31) uma liberação inédita das reservas de petróleo bruto, para aliviar os lares americanos diante do aumento do preço dos combustíveis em decorrência da invasão russa à Ucrânia.

A medida também abastecerá um mercado global sedento de energia com 1 milhão de barris diários de petróleo bruto por seis meses, a fim de reduzir a onda inflacionária nos Estados Unidos.

Biden disse que seu plano de "duas partes" não é apenas "aliviar a dor das famílias, mas acabar com essa era de dependência e incerteza e estabelecer as bases para uma independência energética verdadeira e duradoura dos Estados Unidos".

Ele também alertou as companhias de petróleo para não serem complacentes com os "lucros recordes" dos preços crescentes.

"Nenhuma empresa americana deve aproveitar a pandemia ou as ações de Vladimir Putin para enriquecer às custas das famílias americanas", disse ele. Em vez disso, deveriam "investir esses lucros em produção e inovação".

 Liberação recorde 

"A magnitude é sem precedentes: nunca no mundo reservas foram despejadas (no mercado) a uma taxa de um milhão de barris por dia por tanto tempo. Esta liberação recorde fornecerá um valor histórico para servir de ponte até o final do ano, quando a produção doméstica aumenta", acrescenta a nota.

A medida despejará uma quantidade significativa no mercado global de petróleo superaquecido, que provocou ondas inflacionárias.

Lutando contra dados ruins nas pesquisas e com eleições legislativas em que a oposição desponta como favorita para retomar o controle do Congresso, a Casa Branca tenta mostrar que Biden tem solução para um problema nascido na pandemia e ampliado pela guerra na Ucrânia.

A liberação de reservas equivalerá a aumentar a oferta mundial em cerca de 1%.

O petróleo caiu acentuadamente após as primeiras informações sobre o plano americano, logo depois que a OPEP+ decidiu aumentar modestamente a produção, ignorando os pedidos para aliviar a pressão dos preços provocada pela guerra na Ucrânia.

A liberação de petróleo dos EUA diminuirá os usos anteriores de reservas estratégicas anunciadas por Biden simultaneamente com outros países em 1º de março após a invasão russa, e também no ano passado, em resposta ao aumento da inflação.

Apesar de uma economia em recuperação e do controle da pandemia de covid-19, Biden recebe pouco crédito dos eleitores, que o culpam pelo aumento dos preços em todos os lugares, do supermercado às concessionárias de automóveis.

Os transtornos nas cadeias produtivas relacionados aos diferentes ritmos de recuperação econômica no mundo fazem parte do fenômeno da inflação.

Também por trás dessa tendência politicamente perigosa estão os custos do combustível, que, por sua vez, aumentam os preços do transporte para quase todos os bens.

E para os motoristas, o choque dos preços nos postos de gasolina são uma fonte constante de irritação.

Os preços da gasolina estão atualmente em média de US$ 4,23 por galão; 47% acima de um ano atrás.

Após o anúncio de Biden, o barril do petróleo bruto caiu quase 7% em Nova York, a 100,28 dólares, e, em Londres, 6,44%, a 107,91.

"Vale a pena renunciar a 1 milhão de barris diários para conseguir uma redução de apenas 5 dólares no preço do barril?", questionou Matt Smith, analista do gabinete Kepler. "Embora esse uso de reservas certamente vá ajudar a conter o mercado a curto prazo, não traz uma solução de longo prazo."

Os preços do petróleo bruto chegaram a quase US$ 140 em março devido a preocupações com a Rússia, um dos maiores produtores mundiais, que lançou uma invasão da Ucrânia e que tem sido alvo de várias sanções internacionais.

Os preços caíram um pouco desde que os EUA proibiram as importações russas em 8 de março, mas ficaram em torno de US$ 100 desde então.

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