O presidente da Costa Rica, Carlos Alvarado, afirmou nesta segunda-feira (28) que a Nicarágua já não tem mais “nenhum traço de democracia”, durante uma visita à Espanha, próximo de deixar o poder em maio.
“O que ocorre na Nicarágua é muito lamentável, como as instituições democráticas foram progressivamente corroídas, destruídas; já não há nenhum traço de democracia”, declarou o presidente costarriquenho durante um evento em Madri.
“Temos toda a oposição que foi presa antes das eleições de novembro do ano passado, eleições que não foram transparentes”, disse Alvarado, em referência à votação questionada internacionalmente que levou Daniel Ortega a seu quarto mandato consecutivo.
As palavras de Alvarado chegam pouco dias após a deserção do embaixador nicaraguense na Organização dos Estados Americanos (OEA), Arturo McFields, que chamou o governo de Ortega de “ditadura”, e a renúncia no domingo de um dos advogados da Nicarágua na Corte Internacional de Justiça (CIJ), o americano Paul Reichler, que disse que o fez “por consciência moral”.
O líder costarriquenho pediu que a comunidade internacional trabalhe para promover “um processo de diálogo e eleições limpas e transparentes” na Nicarágua, “sempre com a liderança dos próprios nicaraguenses”.
Por outro lado, Alvarado pediu a seu sucessor - que será eleito neste domingo entre o conservador Rodrigo Chaves e o liberal José María Figueres - que preserve a estabilidade macroeconômica de seu país e que mantenha os avanços sociais e na área ambiental.
Em sua visita à Espanha, Alvarado foi homenageado com um almoço de honra pelo rei Felipe VI e se reuniu com o presidente do governo, o socialista Pedro Sánchez.
Sánchez ressaltou que a Costa Rica é um parceiro leal que já participou de diversas iniciativas da Espanha e espera poder “dar continuidade a esta ambiciosa agenda” implementada “nos últimos anos”, segundo o comunicado do governo espanhol.