A proibição da discriminação racial baseada no cabelo está um passo mais perto de acontecer nos Estados Unidos após uma votação no Congresso.
A Câmara dos Deputados dos EUA aprovou a legislação que busca acabar com a discriminação contra o cabelo natural no trabalho e na escola. O texto ainda precisa ser aprovado pelo Senado.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, pediu aos parlamentares que aprovem rapidamente a lei.
Americanos negros relatam que são muitas vezes tratados injustamente no trabalho e nas escolas por causa de seus cabelos naturais ou pelo uso de tranças e outros estilos.
Se o projeto se tornar lei, a discriminação capilar seria tratada como discriminação racial ou de origem nacional sob a lei federal de direitos civis.
Até então, os defensores dizem que os empregadores e as instituições podem discriminar os negros americanos com base em como eles usam seus cabelos naturais.
A estrategista Adjoa B Asamoah, da Coalizão CROWN (em referência ao nome da proposta em inglês: Creating a Respectful and Open World for Natural Hair - ou "Criando um mundo respeitoso e aberto para cabelos naturais"), elogiou a votação de sexta-feira (18/3) na Câmara, mas reconheceu uma potencial batalha difícil no Senado.
"Há uma mudança na política e uma mudança na cultura", disse Asamoah.
"Trata-se de confrontar esse padrão eurocêntrico de beleza, combater a anti-negritude e promover a estética natural africana. A diversidade da negritude é linda."
A Coalizão CROWN faz parceria com mais de 85 organizações para aprovar proibições estaduais à discriminação capilar e defender o projeto nacionalmente.
Um terço das crianças negras em escolas de maioria branca enfrentou discriminação de cabelo com base na raça, de acordo com um estudo de 2021 da Dove e da CROWN Coalition. A pesquisa apontou que 86% das crianças dizem ter experimentado isso aos 12 anos.
Mais de uma dúzia de estados já aprovaram leis semelhantes destinadas a acabar com a discriminação capilar.
Na quinta-feira (17/3), a Câmara dos Representantes de Massachusetts votou por unanimidade para avançar seu projeto de lei ao senado estadual.
Quando Ida Nelson, moradora de Chicago, foi informada de que as tranças de seu filho Jett, de quatro anos, eram proibidas pela pré-escola, ela disse que achava que os administradores estavam brincando.
Mas quando a escola lhe disse que o penteado deveria ser removido para que ele pudesse ir à aula, ela decidiu responder.
Após meses de campanha, Nelson conseguiu que a Lei Jett Hawkins, que proíbe a discriminação de cabelos nas escolas, fosse aprovada em Illinois.
Ela disse que a aprovação nacional do projeto de lei na Câmara na sexta-feira a fez se sentir "vingada".
"Quando entendemos nosso poder, coisas épicas são feitas", acrescentou ela.
"Este foi um esforço coletivo, de crianças de quatro anos a idosos, que se reuniram para dizer: 'Não, nosso cabelo e nossa capacidade de parecer autênticos não são negociáveis'".
Uma declaração do presidente Biden disse acreditar que "a nenhuma pessoa deve ser negada a capacidade de obter um emprego, ter sucesso na escola ou no local de trabalho, moradia segura ou exercer seus direitos com base na textura do cabelo ou estilo de cabelo".
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