O procedimento pioneiro foi feito para salvar a vida do bebê, mas os médicos esperam que também possa revolucionar a área de transplantes de órgãos.
O tecido de timo doado deve ajudar a impedir que seu corpo rejeite o novo coração.
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Meses após a cirurgia, exames revelam que Easton está evoluindo bem.
O tecido do timo está funcionando, o que significa que seu corpo está construindo células imunológicas vitais que podem reduzir ou até eliminar a necessidade de ele tomar medicamentos imunossupressores (que evitam a rejeição do órgão transplantado) ao longo da vida.
"Estamos muito animados. Este conceito de tolerância sempre foi o santo graal dos transplantes, e agora estamos bem na porta", afirmou um dos médicos de Easton, Joseph Turek, do Duke University Hospital, na Carolina do Norte, nos EUA.
"Isso tem o potencial de revolucionar o transplante de órgãos sólidos no futuro."
O timo é uma glândula que ajuda o desenvolvimento de células T, que combatem substâncias estranhas no corpo. Ele ensina a estas células imunes o que é "auto" e o que não é — e, portanto, o que pode ser atacado.
Os médicos acreditam que oferecer a Easton o tecido de timo cultivado do mesmo doador que deu a ele um coração deve ajudar seu corpo a adotar os novos tecidos.
A história de Easton
Easton nasceu com um coração fraco, e com problemas em seu sistema imunológico.
Ele passou os primeiros sete meses de vida no hospital — alguns deles ligado a aparelhos — e precisou ser submetido a várias cirurgias cardíacas, assim como a tratamento para infecções recorrentes que seu corpo não conseguia combater sozinho.
"Ajudou um pouco, mas foi basicamente um band-aid para sobrevivermos até o transplante", lembra sua mãe, Kaitlyn Sinnamon.
Os médicos solicitaram uma autorização ao FDA, órgão regulador de saúde dos EUA, para realizar um tipo experimental de transplante que não havia sido feito de forma combinada antes, até onde eles sabem.
Como Easton precisava de um novo coração e, independentemente, de uma nova glândula timo, o FDA aprovou os procedimentos, que foram realizados em agosto de 2021, quando Easton tinha seis meses.
"Foi uma surpresa muito boa. Tínhamos a experiência para fazer as duas coisas", disse Turek.
"O trabalho que fizemos no laboratório foi baseado no uso do timo junto com o transplante de coração para desenvolver tolerância — basicamente, retreinar o sistema imunológico e fazer com que o timo do mesmo doador e o coração cresçam juntos."
"Pensamos que esta era uma oportunidade para Easton. E poderia ser aplicada a todos os órgãos sólidos no futuro, se funcionar."
Muito mais pesquisas são necessárias antes disso, incluindo verificar se é viável remover e substituir o timo em pessoas que possuem um que já está em pleno funcionamento.
A equipe médica planeja realizar o desmame de Easton das drogas imunossupressoras em algum momento, para ver como ele evolui.
"Espero que, à medida que crescer, ele se orgulhe de suas cicatrizes e saiba que ele não apenas salvou sua própria vida, mas também salvou a vida de outras pessoas", diz Kaitlyn.
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